“Espero despertar o artista de cada um com meu piano” diz Clara Sverner, musicista clássica

25 junho 2024 às 10h45

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Indicada duas vezes ao Grammy, Clara Sverner é uma pianista de mão cheia. Responsável por redescobrir e trazer luz a obras de artistas que estavam guardados, como Chiquinha Gonzaga e Glauco Velásquez. Com 87 anos, a profissional mantém profundo senso estético, primor técnico e jovialidade nas performances. Ela também gravou álbuns com Paulo Moura e João Carlos de Assis Brasil.
Em Goiás se apresentou em Goiânia, com um Master Classe de Piano, orientando os alunos da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Na cidade de Goiás, participou de um momento de diálogos sobre música, na Associação Mulheres Coralinas. E também realizou show de serenata no Palácio Conde dos Arcos. Em entrevista ao Jornal Opção, Clara Sverner compartilha como foi a experiência no Cerrado.
Como foi a master class de piano que aconteceu na EMAC/UFG?
Foi ótimo, foi uma surpresa! Alunos tão talentosos. Fico feliz se eu consegui ajudar com uma observação ou outra. Parabéns para as mestras e professoras. Gosto muito desse trabalho de poder passar um pouco da minha experiência, da minha visão do mundo. Do que significa fazer música com sensibilidade. Realmente eles estavam um pouco tímidos. Houve uma troca na medida do que se pode chamar de troca. Eu os ouvi, fiz algumas observações. Eles imediatamente entenderam, gostaram muito e espero mesmo ter ajudado.
Como foi o Diálogos Musicais que aconteceu na Associação Mulheres Coralinas, na cidade de Goiás? Como se desenvolveu a conversa?
A coisa fluiu naturalmente, foi muito bonito. Em um momento me perguntaram “fale sobre sua vida”. A partir daí eu me abri como em poucos momentos eu tinha me aberto. Tem algumas coisas que eu guardo. Mas o falar também na minha vida pessoal, de perda de filhos e da coragem que tem que se ter pra seguir é essencial. Acredito que tudo foi bem aceito. Toquei um pouco de um piano também.
Como foi a recepção da 6ª Serenata de 2024? Muitas pessoas compareceram?
A apresentação no palácio foi linda, estava lotada. Me pediram autógrafos. Me lembro particularmente lembro de um rapaz que disse que chorou durante a apresentação. É uma coisa que passo muito, não exatamente sem técnica – obviamente sem técnica não chegamos em lugar nenhum – mas pude tocar mais lento pra poder mostrar pros alunos ali presentes. Tocar dessa maneira é mais difícil que você sair com uma técnica operante.
E o diálogo com gerações de pianistas mais recentes, você tem?
Converso com quem quiser conversar depois dos concertos. Passo a minha visão, mas sempre mostrando que o artista tem que ter liberdade. Eu me dediquei muito a música brasileira, sobretudo aquilo que estava esquecido. A música, como nenhuma outra arte, é o que mais toca o ser humano. Não precisa de justificação, um quadro na parede. A música toca lá no fundo. Espero com o meu piano estar despertando o poeta, o artista que mora em cada um. Espero voltar em breve para Goiás. Vou guardar com muito carinho a noite que passei em Goiás Velho.
Confira no vídeo Clara tocando a composição “Saudade” de Marcelo Camelo.
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