“Esperar o que de um partido que tem Cunha e Calheiros?”
30 março 2016 às 18h15
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Para o deputado estadual Humberto Aidar (PT), ruptura do PMDB com o governo federal liderado por Dilma é apenas uma articulação para que Michel Temer assuma o cargo
“A Dilma acaba de ser traída pelo parceiro que sempre dormiu ao lado.” O deputado estadual Humberto Aidar (PT), ao comentar a saída do PMDB do governo federal, afirmou que uma sigla que tem figuras questionáveis como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, nada se pode esperar desse grupo político. “O PMDB só abandona o barco porque eles têm a certeza, ou têm a convicção, de que vão virar governo amanhã”, declarou Aidar.
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Com a decisão na tarde de terça-feira (29/3) da Executiva Nacional do PMDB de deixar o governo federal e romper a aliança com o PT, o deputado disse que já é possível visualizar um cenário de acordo com partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff para tomar o poder.
“Eu estou vendo que haverá um acordo entre PMDB, PSDB e DEM para uma repartição de cargos, o que eles chamam de governabilidade. Eles vão distribuir o bolo, fazer um acerto, ‘olha, ninguém fala de ninguém’. E aí eu temo que esse acordo passe pela Justiça e pela grande imprensa, eu espero que não, para começar uma agenda positiva, começar a dizer que o brasil começa a dar certo, e que o culpado e único culpado é só o PT”, declarou o parlamentar.
O parlamentar disse esperar que a Operação Lava Jato continue a investigar todas as figuras políticas e empresariais envolvidas nos casos de corrupção descobertos sem restrição a partidos e nomes. “O meu desejo é que a Lava Jato não pare por aqui, que todos possam ser investigados.”
Para Humberto Aidar, o momento sugere que o momento mostra que a situação caminha para a efetivação do impeachment com união dos outros partidos. Segundo ele, “que não tem nenhum amparo legal”. “Um governo, que me parece que o grande erro da Dilma foi não ter habilidade para dividir o bolo.”
O deputado afirmou que o PMDB “não tem nenhuma expressão nacional” no Executivo e é um partido que se “especializou” em eleger senadores e deputados federais. “É uma covardia, mas eu nunca esperei outra coisa do que essa atitude do PMDB”, disse.
Para Humberto Aidar, a história peemedebista mostra que a sigla sempre foi um partido de composição do governo federal, que sempre esteve presente no grupo de Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma no poder. ”
“Golpe”
Na análise do presidente metropolitano do PT, o deputado estadual Luis Cesar Bueno, os “golpistas” não conseguirão aprovar a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Para que o plenário da Casa encaminhe ao Senado o pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff são necessários 342 votos favoráveis, o que representa dois terços (2/3) dos deputados federais, que são 513 no total.
“É um processo de ruptura. O País vive um momento delicado.” Mesmo ao avaliar a situação como preocupante, Luis Cesar Bueno disse que “juristas do Brasil, a intelectualidade, os sindicatos e a sociedade civil organizada” não aceita o “golpe” irá para as ruas na quinta-feira (31) e mostrará isso.
“Vai ter luta, porque a presidenta Dilma não vai sair do Brasil, a presidenta Dilma não vai renunciar ao cargo e queremos que o estado constitucional de direito seja prevalecido e que o processo de impeachment seja tramitado da forma constitucional”, declarou Bueno. De acordo com ele, Dilma tem hoje 240 votos contra o seu impedimento na Câmara dos Deputados.
A pré-candidata a prefeita em Goiânia, deputada estadual Adriana Accorsi, analisou que um governo federal que foi eleito e trabalhou na administração pública em conjunto traz aos seus atores a mesma responsabilidade.
“Toda a administração federal, e também municipal em Goiânia, foi realizada conjunto (entre PT e PMDB). Sucessos e insucessos fazem parte de todos que estão compondo a coligação. Deixar um governo, no caso de Goiânia, em seu último ano, e o da presidente Dilma no momento difícil por que passa, não exime de críticas porventura existente de sua parte em razão do que foi feito até o momento.”
Segundo Adriana, a decisão do PMDB romper com o PT neste momento é vista com tranquilidade. “Eu compreendo.”
Reflexo em Goiânia
O “final de uma novela”, como definiu Humberto Aidar a saída do PMDB do governo federal, exige do prefeito Paulo Garcia (PT) em Goiânia, na visão do parlamentar, uma ação mais enfática sobre os peemedebistas na estrutura do Paço. “Eu penso que o Paulo não deve esperar secretário, detentor de cargo, entregar não. O Paulo tem que ter a coragem de demitir, colocar para fora aqueles que estão o apunhalando”, declarou.
Humberto Aidar reafirmou que o PT cometeu um “equívoco histórico” ao firmar aliança com o PMDB em Goiás. “Um dia desses eu encontrei o Paulo e ele me disse ‘olha, por coincidência agora nós estamos do mesmo lado'”, disse o parlamentar, ao comentar que o PMDB “é um partido governista traidor”.
Pré-campanha
Após a definição da pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia do PT no nome da deputada estadual Adriana Accorsi, a parlamentar afirmou que as alianças serão construídas “a partir das demais negociações com outros partidos do campo democrático popular, conforme é a orientação do partido a nível nacional”. “Não há ainda nenhuma definição que nós possamos divulgar.”
Já Luis Cesar Bueno informou que a definição é a defesa em uma coligação a ser formada com outros partidos na qual Adriana Accorsi seja a cabeça da chapa majoritária em Goiânia. A maioria das siglas, “quase seis”, que apoia a pré-candidatura de Adriana faz parte da base aliada do prefeito Paulo Garcia. “A tendência é a de que os outros partidos indiquem o nome do vice na chapa”, explicou.