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O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ocorrido em 15 de setembro em Praia Grande, no litoral paulista, reacendeu o alerta sobre o poder de articulação do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, a facção mantém um grupo de elite chamado “restrita tática”, treinado especificamente para realizar atentados contra autoridades. 

Durante coletiva realizada nesta sexta-feira, 26, Derrite afirmou que o grupo “restrita tática” é composto por criminosos altamente preparados, com acesso a armamentos pesados e instrução tática. “É por isso que a gente não pode subestimar a organização criminosa. Eles são extremamente perigosos”, declarou o secretário. 

A suspeita é que esse núcleo tenha sido responsável pela execução de Ruy Ferraz, que foi emboscado por criminosos enquanto deixava o prédio da Prefeitura de Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração. Câmeras de segurança registraram o momento em que os autores estacionaram um veículo às 18h02. Quatorze minutos depois, o carro de Ruy passou pela rua e foi alvejado. Ele tentou fugir, mas foi perseguido por cerca de 2,5 km, colidiu com um ônibus e foi executado. 

Prisões e foragidos 

Até o momento, quatro pessoas foram presas e outras quatro seguem foragidas. Entre os detidos estão: 

  • Rafael Marcell Dias Simões, o Jaguar, que se entregou no dia 20 e nega envolvimento. 
  • William Silva Marques, dono da casa usada como base da operação criminosa. 
  • Dahesley Oliveira Pires, acusada de buscar o fuzil usado no crime. 
  • Luiz Henrique Santos Batista, o Fofão, suspeito de ajudar na fuga de um dos autores. 

Os procurados são: 

  • Felipe Avelino da Silva, o Mascherano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, com material genético encontrado em um dos veículos usados. 
  • Luis Antônio Rodrigues de Miranda, apontado como responsável por solicitar o armamento. 
  • Humberto Alberto Gomes, incluído recentemente na lista de foragidos. 

A SSP não descarta nenhuma linha de investigação, incluindo a possível participação de agentes públicos. Ruy Ferraz era conhecido por sua atuação firme contra o PCC e acumulava inimizades dentro da própria polícia. A hipótese de que interesses locais tenham sido contrariados durante sua gestão em Praia Grande também está sendo considerada. 

Ruy Ferraz Fontes 

Com mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil, Ruy Ferraz foi um dos primeiros delegados a investigar a atuação do PCC no Estado de São Paulo, ainda nos anos 2000. Ele chefiou delegacias especializadas em homicídios, narcotráfico e roubos a bancos, além de ter comandado a Delegacia Geral de Polícia e o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). 

Ferraz também atuou como professor universitário e instrutor na Academia da Polícia Civil (Acadepol). Em 2019, foi jurado de morte por Marcola, líder máximo do PCC, após a transferência do criminoso para o sistema penitenciário federal. Desde janeiro de 2023, Ruy ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande, função que exercia até o dia de sua morte. 

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