Para historiador, caso ajuda humanitária não chegue, a situação do país fica comprometida e pode desencadear em possível guerra

Presidente Nicolas Maduro | Foto: reprodução

A crise na Venezuela tende a se acirrar nos próximos dias. O presidente Nicolás Maduro ordenou nesta quinta-feira, 21, o fechamento da fronteira do país com o Brasil. O anúncio foi feito após o governo Bolsonaro comunicar o envio de ajuda humanitária, que deve chegar no sábado, 23. Na análise do professor Tiago Zancope, se o regime venezuelano continuar com a mesma posição, será inevitável o início de um conflito.

Em pronunciamento, o ditador informou que o fechamento da fronteira ocorrerá a partir das 20h desta quinta-feira, 21. Maduro disse ainda que pode adotar a mesma medida na fronteira com a Colômbia, na cidade de Cúcuta, onde toneladas de ajuda humanitária enviadas pelos EUA aguardam permissão para entrar em solo venezuelano.

Pelas redes sociais moradores do estado venezuelano de Bolívar registram movimentações de veículos militares na região de Santa Elena de Uairén, cidade que faz fronteira com Pacaraima, em Roraima. Nas redes sociais, há várias convocações para que voluntários se desloquem para apoiar o ingresso do material ao país.

Oposição contra-ataca

Além da convocação de voluntários nas fronteiras, Juan Guaidó, o líder da oposição, convoca manifestantes para protestarem na frente dos quarteis do exército. O professor de história Tiago Zancope explica que esse segundo movimento pode gerar constrangimento dos militares, e, por isso, desencadear uma possível reviravolta na atual posição do exército, que atualmente jura lealdade à Maduro.

“Se esses movimentos se tornarem gigantes pode ser que os militares de base proponham uma posição diferente. É o tipo de gatilho populacional que vai permitir integrantes do exército fazerem frente contrária ao sistema”, afirma Tiago Zancope.

Para o historiador a preocupação se concentra na reação que será estimulada caso a ajuda não chegue. Ele ressalta que a atual situação venezuelana é de enormes dificuldades, a própria base do Governo é a mais afetada, sofrendo com falta de alimentos e remédios.

A embaixadora venezuelana no Brasil, indicada pelo opositor Juan Guaidó, Maria Tereza,  afirmou a UOL  que a operação está mantida e que foram definidos ontem com as autoridades brasileiras todos os procedimentos para realizar a operação de transporte da ajuda humanitária.

Não é a primeira ação de Maduro contra a chegada de ajuda humanitária, na quarta, 20, ele anunciou a suspensão das saídas de embarcações de todos os portos do país — no mesmo dia em que um navio saiu de Porto Rico com 250 toneladas de ajuda com destino à Venezuela.