“Diversos países do mundo tem discutido medidas nesse sentido. Porém, precisamos entender que ainda estamos ‘atrasados’ em relação ao avanço da doença quando comparados a esses países”, diz professor José Alexandre Diniz

A reportagem do Jornal Opção conversou, na manhã desta terça-feira, 19, com o professor José Alexandre Diniz, do departamento de Ecologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) a respeito da propagação do coronavírus (Covid-19) no Estado, bem como a possibilidade da adoção de estratégias que permitam a retomada das atividades diárias.

Recentemente, pesquisadores do Instituto Weizmann divulgaram um modelo matemático que propõe que as pessoas trabalhem em ciclos de duas semanas, com 10 dias de quarentena e 4 indo para o trabalho ou escola.

Para o professor, a ideia “parece um modelo bacana” porém, nada adequado para a nossa realidade. “Diversos países do mundo tem discutido medidas nesse sentido. Porém, precisamos entender que ainda estamos ‘atrasados’ em relação ao avanço da doença quando comparados a esses países”. Ou seja, para o especialista o Brasil ainda deve enfrentar o que já foi superado por alguns países do mundo, o que torna o método inviável no cenário atual.

“Essa discussão certamente irá acontecer, mas ainda não é hora de falarmos disso. Agora não temos outra saída a não ser mantermos o isolamento”, afirmou.

Vale lembrar que, recentemente, o Jornal Opção mostrou que uma projeção, realizada pela empresa de consultoria americana Kearney, estima que, no melhor dos cenários, o País atinja a casa dos 28 mil mortos em 2020.

Diante da curva analisada pelo professor, se estivéssemos hoje no pico da doença chegaríamos, sim, a aproximadamente 30 mil mortes. “Mas ainda não chegamos nesse cenário. Ou seja, esse número pode ser ainda maior. As pessoas precisam entender a gravidade disso”, disparou.

Tratando-se de Goiás, o especialista disse que para tenhamos um cenário suportável nos próximos meses, os índices deverão apontar para o mínimo 50% de isolamento social — atualmente o Estado apresenta 37,4%.

O pesquisador faz parte de um grupo formado pela UFG que constantemente atualiza relatórios a respeito da disseminação da covid-19 em Goiás. Clique aqui para conferir as notas técnicas e demais relatórios divulgados pelos pesquisadores.