Jornal Opção ouviu pré-candidatos da oposição, que se mostram entre cético e abertos à nova dinâmica da possível desistência do emedebista

***Por Mirelle Irene e Eduardo Pinheiro

A corrida para o Paço Municipal deu uma chacolhada diante do anúncio nesta terça-feira, 25, de que Iris Rezende (MDB), em pronunciamento em um hotel de Goiânia não será mais candidato. O Jornal Opção ouviu pré-candidatos da oposição, que se mostram entre cético e abertos à nova dinâmica da possível desistência do emedebista.

O tom do deputado federal Francisco Jr. (PSD), pré-candidato a prefeito de Goiânia é de certo distanciamento. Ele avalia que a possível saída de Iris do jogo nada muda em relação ao tom a ser adotado que é o de uma necessidade de mudança.

Para o parlamentar, é preciso se opor, não a Iris, mas à mentalidade e a maneira como o grupo político no qual pertence o emedebista geriu Goiânia nos últimos 16 anos. Ele reforça que não houve mudança, nem mesmo quando Paulo Garcia (PT) assumiu a cidade, já que os secretários e o grupo político era o mesmo.

Francisco Jr. salienta que não há como ocupar o lugar deixado por Iris, que tem uma história política grande, mas que a polícia é muito dinâmica. “A cidade não pode ficar à mercê do capricho de ninguém. As pessoas estão sofrendo, com falta de atendimento na saúde, sem oportunidade. Precisamos resolver os problemas de Goiânia, esse é o foco”, acredita.

Ceticismo

Elias Vaz (PSB) diz só acreditar na decisão de Iris após as convenções partidárias do MDB. Ele lembra que o prefeito já fez anúncios parecidos em outras ocasiões, mas mudou de ideia e acabou participando do pleito. Por isso se mostra reticente.

O parlamentar também argumenta que o fato de ter mudado o local de anúncio — do Paço Municipal para um hotel de Goiânia — demonstra que há preocupação jurídica caso seja novamente candidato.

“Não querer fazer [o anúncio] no Paço para não querer gerar um problema jurídico se ele for candidato, para mim é uma demonstração clara que alimenta a possibilidade de ser candidato. Particularmente, sem querer faltar o respeito para com o prefeito, mas pelo comportamento em episódios semelhantes, mas devemos esperar a convenção”, reforça.

Mesmo com a possibilidade de o ex-governador Maguito Vilela (MDB), Vaz salienta que se trata do mesmo grupo político. Por isso, seria preciso “dar um passo adiante” e “sair da mesmice”, pois é o mesmo grupo que gere Goiânia há quase duas décadas.

“Independente de quem seja candidato, nosso foco tem que ser apresentar a nossa proposta para a cidade de Goiânia”, avalia.

Dra Cristina (PL) vê com ceticismo a decisão de Iris de não concorrer ao Paço e, segundo ele, encerrar a carreira política. Para isso, também reforça a necessidade de se esperar as convenções do MDB para ser taxativo quando à decisão de Iris.

A vereadora avalia que um movimento “volta, Iris” seria um forte incentivo ao emedebista colocar o nome na disputa ao Paço. Ela, no entanto, considera a decisão, caso perdure, sensata. E acredita que haverá mudança caso se confirme.

“Muda muito as coligações e as composições. No movimento do governo do estado e no movimento interno do MDB e dos outros partidos”, salienta.

A pré-candidata do PT, deputada estadual Adriana Accorsi, também prefere aguardar um pouco mais para ver consolidada a retirada anunciada do prefeito. “Só vou considerar na meia noite do último dia que Iris não é candidato. É a mesma conversa da outra eleição. Vejo parcimônia. É um direito dele esperar”, disse.

Para a deputada, “para ele tudo gira em torno das eleições. Deixou tudo para o ultimo ano, todas essas obras eleitoreiras para serem entregues no último ano. Se ele não é candidato, para fazer isso?”, observou. “É uma forma de política antiga, arcaica, que não cabe mais hoje. Se houvesse feito o BRT, a população não estava sofrendo com o transporte público, se contaminando com Covid. Se tivesse usado para a Saúde, não existiria insatisfação com o atendimento. Então, vejo que não faz diferença que ele seja candidato ou não. É a forma como é feita a gestão pública que está em jogo”, critica.

Escolha de candidato

Talles Barreto (PSDB) também diz que para a disputa em Goiânia não dá para “escolher candidato”. Mas reconhece que há mudança no cenário e cita pesquisas de monitoramento que apontam que há eleitores cativos. Por isso, acredita que as disputam “zeram”.

O tucano diz que o mandato de Iris foi ruim, deixando como legado o pior transporte público do país e a Saúde “abandonada”. Talles salienta que a população não está próxima da administração pública e não está “sendo ouvida”.

Por isso, reforça que é preciso aproximar da população e apresentar propostas diferentes para a cidade. “Goiânia não acompanhou a tecnologia, a cidade não tem informações através de redes de informação. No Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, não tem dados de ninguém”, aponta.