Como fez com as redes sociais, tribunal tenta se aliar a religiosos para combater notícias falsas durante as eleições

Com intuito de amenizar a proliferação de fake news durante as eleições deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) propôs um termo de cooperação com entidades, políticos e representantes religiosos.  “Promover ações de conscientização relacionadas com a tolerância política, a legitimação do pensamento divergente e consequente exclusão da violência como aspectos indispensáveis à preservação da paz social,” cita trecho do documento. 

A proposta da Corte foi enviada no início do mês para ao menos um representante de destaque de cada religião, matriz africana, budista, católica, espírita, israelita, muçulmana e evangélica, assine o tratado. De todas elas, as resistências são maiores no meio evangélico. Por outro lado, nenhuma das entidades se compromete a apoiar a defesa das urnas eletrônicas. Dispositivo que tem sofrido duros ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Fiel ao governo, por exemplo, o pastor Silas Malafaia se manifestou contra o acordo. Nas redes sociais o religioso pede o boicote do acordo. “Líder religioso que sabe das coisas não vai cair nesse jogo”, afirmou, chamando o presidente do TSE, Edson Fachin, de “esquerdopata de carteirinha”.

Dentre as instituições, a União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos (Unigrejas), que recebeu o convite para assinar, justificou não sentir-se confortável para cooperar. “Neste momento, na busca de temperança e na representação de mais de 50 mil pastores e igrejas, resolvemos ficar como observadores do evento, posto que há temas sensíveis em pauta, como o chamado combate à desinformação”, informa trecho da resposta.

“É importante lembrarmos que a democracia se fortalece na pluralidade política, e a liberdade religiosa e de expressão são fundamentais para a República”, acrescentou o comunicado. A União é presidida pelo bispo Eduardo Bravo.