Sede da Acieg foi palco de encontro de sindicatos, federações e associações que trabalharam para que a bancada goiana votasse “sim” no processo

Presidente da Acieg, Euclides Barbo, discursa no evento | Foto: Edmar Wellington
Presidente da Acieg, Euclides Barbo, discursa no evento | Foto: Edmar Wellington

Entidades do setor empresarial, industrial, comercial e agropecuário realizaram na noite da última segunda-feira (25/4) na Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) um jantar em agradecimento aos 16 deputados federais goianos que votaram sim, em 17 de abril, no pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados.

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O jantar contou com a participação de representantes das entidades do Fórum Empresarial e do Fórum da Habitação: Acieg, Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Federação das Associações Industriais, Empresariais e Agropecuários do Estado de Goiás (Facieg), Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL-GO), Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias de Goiás (Secovi-GO).

Todas elas trabalharam junto aos deputados federais e defendem no Senado a aprovação do processo de impeachment contra a presidente Dilma. O Movimento Brasil Livre (MBL) de Goiás também participou do evento, representado pelo seu porta-voz goiano, o empresário Silvio Fernandes (DEM).

Com discursos fortes contra o governo federal comandado pelo Partido dos Trabalhadores, os presidentes de federações, associações e sindicatos, além dos parlamentares Jovair Arantes (PTB), Delegado Waldir Soares (PR) e Pedro Chaves (PMDB), defenderam a união por um governo que trabalhe a recuperação da economia nacional, com o fortalecimento dos setores industrial, comercial e agropecuário.

Agradecimentos ao relator da admissibilidade da abertura do processo de impeachment na Câmara, o deputado Jovair Arantes, ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), por ter acelerado a tramitação do pedido na parte que cabe aos deputados federais e ao esforço das entidades na articulação com os parlamentares para que o impedimento de Dilma fosse aprovado na Câmara dos Deputados foram destaques.

Para o presidente da Acieg, Euclides Barbo Siqueira, anfitrião da noite, a iniciativa é o reconhecimento de que 16 dos 17 deputados federais goianos votaram “a favor do setor empresarial”. “Posto o caminho, a gente precisa, a partir de agora, começar uma agenda positiva. Nós vamos precisar dos deputados para aprovar a flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a reforma política, a reforma partidária, da Previdência Social. Nós temos que mudar o País.”

Euclides afirmou que o setor empresarial entende que o momento é de mudança, que Dilma Rousseff na presidência não tem mais condições de destravar a economia e nem administrar o governo federal.

“Os senadores, os deputados, parece que perderam a confiança nela. O setor produtivo está pensando em, assumindo o vice-presidente Michel Temer (PMDB), quais são os planos dele. Tudo isso vai ter que ser muito bem discutido”, afirmou o presidente da Acieg.

De acordo com Euclides, as discussões nas Confederações Nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC) e da Agricultura (CNA) já querem discutir com um eventual novo governo federal a escolha de ministros.

“Eu quero um ministro com essas características: que seja técnico, que tenha boa aceitação pelo público como um todo. Eu tenho a característica do bom ministro, e nós estamos passando para eles [parlamentares].” Segundo Euclides, as sete entidades do fórum empresarial goiano defende a necessidade de ter representatividade em um possível governo presidido por Temer.

Para o presidente da Acieg, a declaração antecipada de voto dos três senadores goianos – Lúcia Vânia (PSB), Ronaldo Caiado (DEM) e Wilder Morais (PP) — a favor do impeachment traz certa tranquilidade ao setor empresarial.

“O que nós estamos fazendo aqui hoje é juntar com os deputados que estiverem aqui e, junto com suas bancadas, para eles irem até os senadores de outros Estados para fazê-los enxergar o que é o correto, a nosso ver, que é a continuação do impeachment para chegar ao fim esse malfadado governo que nos prejudicou demais.”

Discursos

Pedro Alves | Foto: Edmar Wellington
Pedro Alves | Foto: Edmar Wellington

Em seu discurso, o presidente da Acieg agradeceu a presença dos três deputados federais que foram ao jantar. Antes da fala de Euclides, as explicações apresentadas pelos parlamentares que não foram ou enviaram representantes foram apresentadas.

“Gostaria de agradecer, em nome dos 14 mil empresários associados a essa casa, aos 16 deputados federais que nos ouviram, dialogaram e, acima de tudo, agiram em conformidade com a vontade da maioria do setor produtivo e da sociedade”, declarou Euclides. E pediu, no discurso, para que busquem juntos “soluções para o desenvolvimento do País”.

O presidente da Acieg destacou que “milhões de brasileiros” estão desempregados e que é preciso evitar que mais empresas fechem as portas em razão da continuidade, segundo ele, de Dilma a frente do governo federal. “Temos que passar a uma pauta positiva, temos que cunhar bandeiras que levam o Brasil a ocupar o lugar, que não deveria ter saído, de destaque no cenário mundial.”

Quando assumiu a palavra no evento, Pedro Alves, presidente da Fieg, destacou que o setor produtivo compreende os “trabalhadores investidores” e os “laborais”, com os quais ele disse ter mais preocupação, que são os que estão perdendo os seus empregos.

Pedro Alves disse que os deputados goianos tiveram “um gesto de patriotismo” e refletiram o “ecoar das vozes que vieram das ruas”. “Inclusive teve a deputada, me refiro a Flávia [Morais, do PDT], que contrariou a decisão do partido e está ameaçada de ser expulsa do partido. Eu acho que esse partido não vai ter coragem de fazer isso. Jovair dignificou o nosso Estado. A sua atuação foi brilhante, Jovair.”

Eduardo Cunha

O presidente da Fieg, ao elogiar o trabalho de Jovair como relator do processo de impeachment na Câmara, citou a participação importante do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).

“Aquele momento ali foi o que deu o rumo, a diretriz, da grande votação que teve lá dentro do plenário da Câmara. E depois, concomitante ao trabalho do Eduardo Cunha, acabou se consolidando e votando pelo impedimento da presidente”, comentou Pedro Alves.

Também presente no jantar, o ex-deputado Sandro Mabel (PMDB), que trabalhou nos bastidores pela aprovação do processo de impeachment na Câmara, foi saudado pelo presidente da Fieg por sua importância nessa votação.

Ao iniciar sua fala, o presidente da Fecomércio, José Evaristo, brincou com a votação do impeachment na Câmara: “À mamãe, ao papai, a você, SIM. Perfeito, é sim. Assim foi a votação. E assim aconteceu”.

Faeg

José Mário Schreiner fez as mais duras críticas ao PT | Foto: Edmar Wellington
José Mário Schreiner fez as mais duras críticas ao PT | Foto: Edmar Wellington

José Mário Schreiner fez aquele que foi o discurso mais duro dos presidentes de entidades presentes. O homem de frente da Faeg agradeceu a coragem dos deputados goianos na votação do dia 17 e fez críticas ferrenhas ao governo do PT.

“Nós não podíamos mais, de forma nenhuma, conviver com o que estava aí propalado. Com as peripécias do PT administrando o País para uma minoria absoluta, o Palácio do Planalto sendo usado como palanque de eventos extremamente de esquerda, a verdade é essa.”

De acordo com o presidente da Faeg, o que se viu foi “o vermelho dominando a cor do nosso País”. “Desde que nasci e fui para a escola, eu aprendi que a nossa cor, lá em Santa Catarina, sempre foi o verde e o amarelo”, disse em seu discurso.

Para Schreiner, o que a esquerda no Brasil fez nos últimos 40 anos foi se organizar “de uma forma tal” que será preciso “30 a 40 anos para desfazer tudo que foi feito aí”. “Desde as nossas escolas, os nossos filhos… É só nós olharmos o que os nossos filhos estão aprendendo nas universidades. Eu acredito que nós temos que devolver o Brasil a quem realmente faz o Brasil, que é o setor privado, a iniciativa privada, a classe empresarial, os trabalhadores que realmente fazem.”

“Assentados fantasmas”

E continuou: “Não 576 mil assentados fantasmas que mamam nas tetas do governo todo mês bancados por todos nós. Nós temos que acabar com isso. Nós não podemos esmorecer”. O presidente da Faeg disse que é preciso voltar a pressionar os senadores como foi feito com os deputados.

“Senador que está indeciso está no pecado. Senador que é bom para nós é senador que está decidido a votar no impeachment. E quem estiver no pecado vai ter que confessar e vai ter que declarar o voto, senão nós vamos estar fazendo o mesmo trabalho que fizermos na Câmara.”

Nesse momento, Schreiner enaltece o que ele chamou de o “grande trabalho dos movimentos de rua”: Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua.

“Você sabe que nós não criamos um movimento paralelo, nós apenas engrossamos os movimentos que já estavam aí há mais de anos pedindo para que nós pudéssemos tirar o PT da área, que nós pudéssemos estar dando férias permanentes a esse PT para que ele deixe o Brasil seguir o seu rumo normal, o rumo do trabalho, o rumo da honradez e acima de tudo o rumo de nós todos sermos irmãos, não dividir mais ainda o nosso País”, concluiu o presidente da Faeg.