Após nomeação como secretário Executivo para Assuntos Sociais do Escritório de Prioridades Estratégicas, Urzêda foi realocado à Secretaria de Relações Institucionais; ambas movimentações ocorreram na última segunda-feira, 12

Atual secretário Executivo de Relações Institucionais, coronel Ûrzeda. | Foto: DGPA/Reprodução

Em nome de outras organizações, o Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno emitiu, na última quarta-feira, 14, nota pública de repúdio contra a nomeação do coronel Wellington de Ûrzeda Mota, para atuação na Prefeitura. A nota é contrária a atuação do coronel como secretário Executivo para Assuntos Sociais do Escritório de Prioridades Estratégicas da Prefeitura de Goiânia.  

Ûrzeda realmente foi nomeado para o cargo do Escritório de Prioridades Estratégicas, mas foi realocado à Secretaria de Relações Institucionais de Goiânia, também para atuar como secretário executivo. Apesar de ambos os movimentos terem ocorrido no mesmo dia, enquanto a primeira nomeação saiu na edição do Diário Oficial de Goiânia na última segunda-feira, 12, a realocação foi publicada na terça-feira, 13.

Segundo o próprio coronel, Rogério Cruz decidiu pela mudança por verificar que sua contribuição seria bem maior na Secretaria de Relações Institucionais, por ser a área que Ûrzeda é especialista: Direito e Administração. “A área que ele me colocou é para mexer com convênios, contratos, licitações e prestações de conta. É a minha área. Fui escolhido por critério técnico, porque essa é uma secretaria técnica”, explica.

Páginas das edições de segunda, 12, e terça-feira, 13, do Diário Oficial de Goiânia que falam sobre a nomeação e a realocação de Ûrzeda. | Foto: Captura de tela dos documentos

Contribuição à Secretaria

Em conversa com o Jornal Opção, Wellington de Ûrzeda Mota explica sua contribuição à pasta ao contar sua trajetória como professor universitário, advogado, administrador e especialista em gestão pública e em direito constitucional. “Além das especializações, já administrei o sistema penitenciário, batalhões da PM, então tenho capacidade técnica para contribuir”, diz.  

Em complemento, o coronel diz não compreender o descontentamento sobre sua nomeação, ao dizer que foi indicado a uma secretaria que exerce funções técnicas as quais ele tem capacidade de conhecimento e experiência para contribuir. “É uma função de confiança, eu não fui critério político. Foi uma indicação técnica direta do prefeito. Esse é um cargo de confiança, se ele me indicou é porque confia no meu trabalho. Então, quero contribuir cada vez mais com a cidade, como eu contribuo desde que me mudei pra cá em 1970”, diz.

Em janeiro de 2019, Ûrzeda assumiu o comando da Diretoria Geral de Aministração Penitênciaria (DGAP) em Goiás, a convite do Secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, cargo que deixou no dia 16 de abril deste ano.

Confira na íntegra a nota pública

Senhor Rogério Cruz, Prefeito de Goiânia,

O Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno, articulação composta por mais de 70 entidades de movimentos sociais e sociedade civil, vem a público repudiar a nomeação do Coronel Wellington de Urzêda Mota, ocorrida na data de 13 de abril de 2021, para o cargo de Secretário Executivo para Assuntos Sociais do Escritório de Prioridades Estratégicas da Prefeitura de Goiânia.

Conforme se verifica na Lei Municipal nº 335/2021, que redefine a estrutura administrativa do Poder Executivo Municipal, aprovada no primeiro dia dessa nova gestão, o Escritório de Prioridades Estratégicas possui importância fundamental por ser responsável pelo planejamento e gerenciamento dos projetos considerados de maior relevância no campo social para esta capital.

Para coordenar tal pasta, bem como as demais secretarias, Vossa Senhoria tem se pronunciado publicamente no sentido de que escolherá perfis técnicos. Entretanto, não é o caso do citado Coronel, já que ele não possui experiências anteriores no campo da ação social, seja de cunho acadêmico, na formulação de políticas públicas ou no desenvolvimento de projetos sociais reconhecidos nesta área.

Além de não possuir capacitação técnica, o citado Coronel é relacionado a escândalos públicos e processos judiciais estaduais e federais relacionados à violência policial, que envolveram a Rotam – Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana, da qual foi comandante. A população socialmente vulnerável é justamente a que mais sofre com a violência policial, sendo o grupo a ser atingido pelas políticas públicas desenvolvidas pela pasta que agora é ocupada pelo Coronel Urzêda.

Em suas manifestações públicas, o Coronel defende o armamentismo, o punitivismo e o encarceramento como solução para a criminalidade, posição que esvazia tanto a postura de compreensão crítica dos problemas sociais, quanto as ações políticas centradas no diálogo e na construção de alternativas sócioeducacionais para efetivamente promover transformações sociais e empoderar as populações periféricas, que hoje enfrentam uma severa crise humanitária.

Deste modo, compreendemos que existem em Goiânia inúmeras pessoas que possuem perfil técnico na área social e experiência política agregadora para tal função, sem a mácula de um passado que em tantos ainda gera dor, intimidação e descrédito na ação do Poder Público.

Por entendermos que não é esta a mensagem que a nova gestão da Prefeitura pretende transmitir aos cidadãos goianienses, pedimos que o Coronel seja retirado de tão simbólico cargo.