Entenda proposta que exclui Bolsonaro do perdão pelos crimes do 8 de janeiro

15 setembro 2025 às 17h27

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Nesta terça-feira, 16, o tema da anistia volta a ganhar destaque no Congresso Nacional. Poucos dias após o STF condenar Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve conduzir reunião de líderes, em que a proposta de anistia “light” será debatida.
Segundo apuração de Caio Junqueira da CNN, parte do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto sinalizaram abertura para um acordo caso seja apresentada uma versão mais moderada do projeto.
A oposição, principalmente parlamentares aliados de Bolsonaro, tenta aprovar um texto de anistia ampla desde o início de 2025. No entanto, o novo projeto exclui o ex-presidente do perdão, gerando conflito com esses parlamentares.
Prevista no Código Penal, a anistia é uma forma de extinção da punibilidade de um crime, ou seja, o perdão legal concedido a alguém que cometeu um delito. A Constituição Federal proíbe, porém, a anistia para crimes hediondos, como homicídio, tráfico de crianças, estupro, genocídio, tortura, tráfico de drogas e terrorismo.
Projeto de anistia “light”
A versão mais restrita da anistia difere do projeto original, que previa perdão judicial amplo, defendido por parte dos bolsonaristas. O novo texto não beneficiaria diretamente Jair Bolsonaro, mas poderia alterar penas de outros condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Hoje, a lei prevê pena de 4 a 8 anos para abolição violenta do Estado Democrático de Direito e pena de 4 a 12 anos para tentativa de golpe de Estado. O novo projeto reduziria essas penas e incluiria agravantes se a abolição do Estado Democrático de Direito ocorrer durante tentativa de golpe de Estado, justamente o caso de Bolsonaro.
Principais pontos do projeto “light”:
- Redução de penas para crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Agravamento de pena se o crime for cometido durante tentativa de golpe
- Criação de tipo penal específico para quem atue contra a democracia sem liderar ou financiar os atos
- Aumento da pena para quem liderar ações antidemocráticas
Paralelamente, aliados de Bolsonaro defendem uma anistia geral para todos os envolvidos nos ataques aos três poderes em 8 de janeiro. O projeto do PL perdoaria crimes políticos ou eleitorais cometidos por manifestantes, caminhoneiros, empresários e outros participantes das manifestações entre 30 de outubro de 2022 e a entrada em vigor da futura lei.
Na prática, embora o texto não contemple Bolsonaro diretamente, a intenção da oposição é permitir que ele retome a elegibilidade e possa disputar as eleições de 2026.
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