Entenda por que há abrigos diferentes nos pontos de ônibus da Grande Goiânia
07 novembro 2025 às 11h50

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Quem utiliza o transporte coletivo tem sempre uma história referente à falta de abrigo em um ponto de ônibus na Grande Goiânia. Ainda há cerca de 3 mil pontos que não têm ou que contam com abrigos, mas que necessitam ser trocados, segundo o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivos, Murilo Ulhôa. Os usuários percebem, inclusive, que há uma diferença entre alguns modelos utilizados. Há um abrigo de cor azul, que está presente em vários pontos da cidade e, nos corredores exclusivos, há outro completamente branco, com bancos de madeira e até mesmo com uma espaço exclusivo para pessoas com deficiência. Já existem situações em que o ponto de ônibus é identificado com uma placa.
Ulhôa explica que o branco é chamado de CMTC 3. Ele é utilizado em lugares com uma maior concentração de pessoas. Por isso, foi designado para os corredores exclusivos, como os da Avenida T-63, T-7, Jamel Cecílio e Avenida 85, por exemplo. Eles também são usados como estruturas provisórias durante as reformas de alguns terminais que compõem o BRT Leste-Oeste (Praça da Bíblia, Dergo e Praça A). Após o término das reformas, os abrigos serão destinados a outros corredores exclusivos.

Já o abrigo azul, conhecido como CMTC 2, vem sendo colocado em toda região metropolitana. “A diferença é que o azul é um pouco menor, ele é unitário, e o branco é um abrigo maior e iluminado devido às demandas dos corredores. Mas eles também podem ser colocados em alguns pontos específicos que não ficam nos corredores, mas que contam com uma alta demanda. É um critério que já existia antes. Corredores terem abrigos diferenciados”, explica Ulhôa.

Segundo o presidente, atualmente, há cerca de 7,2 mil pontos nos municípios que compõem a Grande Goiânia e que são atendidos pelo transporte coletivo. Esse número, entretanto, pode mudar constantemente, pois os trajetos das linhas podem ser adaptados a qualquer momento, o que faz com que interfere no número de paradas. Segundo ele, desde 2023, Goiânia conta com um programa para instalação de abrigos.
Abrigo é uma demanda grande da parte dos usuários, não só na época de chuva, mas também no período de sol. É uma demanda que temos e que estava muito defasada devido há anos de falta de investimentos. E, agora, estamos recuperando esse atraso. Um trabalho feito com muita atenção a eles e trocando, de acordo com a necessidade, os novos, os reformados e esses brancos nos corredores.
O presidente também explicou que o tamanho das calçadas interfere na instalação de um abrigo, já que a cobertura não pode invadir a rua. “Ele tem que ficar limitado ao espaço da calçada. […] Nesses locais, a nossa equipe verifica em um quarteirão anterior ou posterior, dentro de um limite de metragem, se há possibilidade de instalação do abrigo. Mas, quando essas calçadas são mais estreitas, infelizmente, esse ponto de ônibus vai ser identificado somente com uma placa”, explica.
Acessibilidade e instalação
Os abrigos utilizados nos corredores exclusivos contam com um espaço para pessoas com deficiência. No azul, esse espaço preferencial não existe, mas o presidente afirma que, mesmo com a inexistência, as pessoas com deficiência conseguem ficar embaixo do abrigo sem sofrer com a chuva ou o sol.
No início, a primeira preocupação nossa era colocar abrigos. Agora, nós estamos colocando abrigos e também fazendo as calçadas debaixo do abrigo. Por isso, a acessibilidade fica bem melhor para as pessoas com deficiência de modo geral. Ele tem, sim, um espaço abrigo azul, só que ele não é segregado, mas ele consegue estar lá embaixo com tranquilidade. […] Em alguns meses, teremos 100% de acessibilidade em todos os pontos de ônibus que possuem abrigo.
O presidente também destacou que, desde o início do programa Nova RMTC, foi feita uma inspeção em todos os abrigos de concreto existentes. Vale lembrar que uma estrutura como essa foi a responsável pela morte do jovem Wellington Oliveira, de 27 anos, em março de 2023, em Aparecida de Goiânia. O abrigo, que pesava cerca de 1,5 tonelada, caiu sobre o auxiliar de pedreiro após ele se apoiar nela. Na época, a perícia constatou que que o pilar principal do abrigo estava completamente comprometido. Informação esta que já constava em um levantamento feito pela Defesa Civil do município, no ano anterior à morte do rapaz, e que foi entregue para 11 órgãos ligados ao transporte coletivo sobre a precariedade das estruturas de concreto existentes na cidade.
“Aparecida de Goiânia, por exemplo, deve ser até o final do ano contemplada também com vários abrigos desse branco iluminado. […] O primeiro trabalho que nós fizemos foi fazer uma perícia em todos os abrigos de concreto que existiam na região metropolitana. Todos que foram identificados como oferecendo risco já foram demolidos e, agora, estamos, gradativamente, trocando os já existentes, que não correm esse risco. É claro que qualquer abrigo, seja ele de metal ou de concreto, se ele sofrer um impacto de um ônibus ou de um caminhão, pode trazer risco aos usuários. Mas a tendência é trocar 100% desses abrigos de concreto”, lembra o presidente ao destacar que, ao menos, 700 abrigos que apresentavam risco à população foram substituídos.
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