A Aurora da Amazônia, que disputa judicialmente permissão para operar o Porto Seco de Anápolis, promete dobrar a aposta na pressão política a órgãos públicos para tentar contornar as irregularidades na construção do seu pátio na cidade. A empresa chegou a anunciar uma coletiva de imprensa na qual promete mostrar, segundo eles, por que Goiás é “um estado insalubre para novos investidores”.

A estratégia da Aurora, conforme apurado, é tentar conseguir as licenças necessárias basicamente “no grito”. Após fazer seu empreendimento em uma área que configura crime ambiental, modificar uma rodovia estadual sem permissão – que chegou a encobrir com asfalto os trilhos da ferrovia Centro Atlântica – e usar em 2024 procuração assinada por um terreneiro que morreu em 2022, a empresa teria decidido partir para o ataque contra o governo do Estado e, principalmente, a Prefeitura de Anápolis.

Hoje, a Aurora acusa uma suposta má vontade política da gestão de Márcio Corrêa (PL) em conceder as licenças para sua operação em Anápolis. No entanto, os técnicos da prefeitura atestaram as irregularidades e suspenderam as licenças na gestão do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), adversário declarado de Corrêa.

A empresa que disputa o porto seco já vinha, supostamente, pressionando servidores da Prefeitura de Anápolis e do Estado para tentar obter licenças para suas instalações. A obra avançou mesmo com embargos, após constatados possíveis crimes ambientais, e sem autorização do Estado para modificação de rodovia pública.

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Além do potencial crime ambiental, o empreendimento da Aurora não conta com autorização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás, a Codego, para uso do terreno no Daia, o que pode configurar invasão de área pública.

A trajetória da Aurora da Amazônia é repleta de polêmicas onde opera. Ela foi alvo recentemente da Operação Daia, da Polícia Federal, que investiga a atuação de lobistas que a favoreciam no âmbito do DNIT, o que gerou também o afastamento de um diretor do órgão sob suspeita de receber propina da empresa para favorecê-la na aquisição de terreno em Anápolis.

Vale destacar que um dos donos da empresa, Franco di Gregório, já foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça por fraude na licitação por irregularidades em Belém, PA. Por isso, usa sua filha, Paola do Gregório, como representante legal.

A licitação do porto seco de Anápolis, operado há 25 anos pelo grupo Porto Seco Centro-Oeste, é alvo de uma disputa judicial a respeito do resultado do certame. Enquanto não há uma decisão final, a Justiça Federal determinou que os atuais permissionários continuem oferecendo o serviço, para que ele não seja descontinuado e não prejudique Goiás.