Especialista explica que projeto do novo medicamento, conhecido como Butanvac, conta com uma estratégia semelhante à vacina de Oxford. “Entra como um cavalo de Tróia, porém sem provocar destruição depois de penetrado”

│Foto: Reprodução

O Instituto Butantan aguarda autorização das autoridades brasileiras para iniciar ensaios clínicos de sua própria vacina contra o coronavírus. O medicamento tem sido desenvolvido através de um consórcio com Vietnã e Tailândia, onde os testes de fase 1 já começaram e tiveram os ensaios clínicos com animais aprovados. Apesar da grande expectativa, caberá a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar que os estudos sigam adiante no Brasil.

Para entender melhor como funciona a provável nova vacina, bem como a diferença das doses produzidas atualmente pelo Instituto, o Jornal Opção conversou com o médico infectologista, Boaventura Braz de Queiroz. Segundo o profissional, o projeto do novo medicamento – conhecido como Butanvac – conta com um “desenho” semelhante à estratégia adotada pela vacina de Oxford, produzido pela Fiocruz. “Porém, neste caso, eles colocaram o material genético dentro de um vírus da gripe aviária”, explica o especialista.

Para explicar como tudo funciona, Boaventura se baseou no modelo de Oxford. “O desenho é semelhante e entra como um cavalo de Tróia, porém sem provocar destruição depois de penetrado”, brincou. Em seguida, completou: “O material genético viral chega ao nosso organismo fragmentado, portanto, não há qualquer possibilidade de se desenvolver ou se reproduzir, ou seja, não causa prejuízo. No entanto, chega em quantidade suficiente para acionar nosso corpo no sentido de produzir anticorpos”.

Boaventura Braz de Queiroz: médico | Foto: Jornal Opção

Segundo o especialista, a vacina leva para dentro do ser humano uma espécie de vírus conhecido como adenovírus, que não possui envelope celular e não tem potencial de causar qualquer doença. “Ele é usado apenas para adentrar ao nosso organismo. Ele chega carregado de um material genético que não causa prejuízo, mas aciona nossa defesa e cria os anticorpos garantidores da proteção”.

Uma vez semelhante à de Oxford, a vacina em estudo possui princípios diferentes da “estratégia” adotada pela Coronavac. Essa, de origem chinesa, trabalha, segundo ele, com a inativação do coronavírus por completo.

“No caso da Coronavac, à medida em que o organismo entra em contato com esse vírus completamente inativado, e que não causa prejuízo ao ser humano, nossa defesa começa a produzir anticorpos contra esse vírus, de forma a proteger nossas células e torná-las prontas para um eventual contágio”, pontuou.