CoronaVac, vacina produzida pelo Butantan │Foto: Divulgação

Novo estudo mostra que a “vacina chinesa do João Doria”, como disse Bolsonaro, tem eficácia de 71,4% para evitar mortes em população de 76 anos, na média

O fim de semana começou com polêmica instalada pelo deputado estadual Humberto Teófilo  (PSL) ao se recusar a tomar a vacina disponível no Ciams Novo Horizonte, em Goiânia, onde havia feito seu agendamento. Com a atitude, o parlamentar vai para o fim da fila da imunização, de acordo com decreto municipal publicado. Ele promete recorrer. 

O imunizante recusado por Teófilo é a CoronaVac, que garante uma eficácia de 71,4% para evitar mortes entre a população com média de idade de 76 anos, segundo mais um estudo publicado.

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A informação está na coluna do correspondente internacional Jamil Chade, no portal UOL, deste sábado, 31. A pesquisa divulgada integra estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que foi observada por membros da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), universidades e institutos da Europa e dos Estados Unidos.

Nesta semana, o estudo foi citado como referência num levantamento global publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência trouxe um mapeamento dos resultados de pesquisas realizadas para avaliar o impacto das vacinas contra a Covid-19, em contextos de “mundo real” — e não em testes clínicos ou laboratoriais, como foram apresentados inicialmente.

A OMS divulga mapeamento dos estudos com imunizantes todos os meses —a última edição, de julho, foi a mais completa, com 90 pesquisas. No caso da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida pelo Instituto Butantan, o documento da agência internacional cita um estudo realizado no Brasil e liderado pelo pesquisador Otavio Ranzani, da USP e do Instituto de Saúde Global de Barcelona.

Nele, constata-se de forma positiva que a vacina está relacionada com a redução de casos sintomático de Covid-19, queda de hospitalização e redução de mortes em idosos acima de 70 anos de idade em locais onde há transmissão extensa da variante gama — que foi detectada inicialmente em Manaus. Para os pesquisadores, existe uma “proteção significativa”.

No geral, a CoronaVac apresentou 41,6% em eficácia contra covid-19 sintomática após 14 dias da segunda dose com uma população com idade média de 76 anos. Para essa mesma população, a eficácia em evitar hospitalização atingiu 59% e, para evitar mortes, 71,4%.

Eficácia vem com 2ª dose
Realizado com 15,9 mil pessoas com pelo menos 70 anos de idade no Estado de São Paulo, o estudo mostrou que é necessária uma segunda dose. Com apenas uma dose, a vacina é eficaz apenas em 10,5% em casos sintomáticos, 18% em evitar hospitalização e 31,6% em evitar mortes. Entre a população com idade de 70 a 74 anos, a vacina mostrou uma eficácia de 61.8% contra a doença sintomática, 80,1% contra hospitalização e 86% contra mortes.

A eficácia cai com idade cada vez mais avançada, principalmente na população com mais de 80 anos. Em seu mapeamento, a OMS mostrou dados indicando que outras vacinas tiveram resultados mais fortes. Também foram avaliadas as doses da AstraZeneca no Reino Unido, além de estudos diferentes sobre Pfizer no Canadá, Reino Unido e Israel; e Moderna, com taxas de eficácia acima de 90%.

Imunizantes usados em campanhas contra outras doenças —como gripe e tuberculose— têm eficácia entre 60% e 70%. O valor, porém, varia ao longo dos anos e já atingiu menos de 50%.

A eficácia da vacina contra a gripe é menor do que a da CoronaVac e a gente nunca precisa ficar explicando isso, porque já controlamos essa epidemia. O que a gente objetiva com a CoronaVac e os outros imunizantes contra a covid-19 é ter justamente algo como com a gripe. E para ter esse controle da doença, só com vacinação em massa.”

A CoronaVac foi a primeira vacina aplicada no Brasil, em janeiro, quando a campanha de imunização começou. O imunizante foi desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.

No discurso de Jair Bolsonaro (sem partido), virou a “vacina chinesa”, ou “vachina”, e foi desacreditada para atingir o adversário político do governador João Doria (PSDB-SP). Apesar de comprovação de sua eficiência na prática, com a redução de casos e mortes onde foi aplicada em massa – no Chile, no Uruguai e também na cidade de Serrana (SP), ainda é questionada por apoiadores do presidente.

Sua eficácia, porém, já foi comprovada e liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da mesma forma que AstraZeneca, Pfizer e Janssen, outras vacinas encontradas nos postos do País.

Também a OMS já chancelou a Coronavac, que passou a entrar na rede de distribuição global e é considerada como eficiente o suficiente e segura para ser aplicada. Não há qualquer plano da agência de rever o status, e acordos têm sido fechados com a Sinovac, a produtora da vacina, para que o imunizante entre no consórcio Covax Facility, que distribui doses para diversos países.

* Com informações do portal UOL.