Engenheiro da Boeing avisou sobre falhas no modelo de avião que caiu na Índia

12 junho 2025 às 16h03

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Um engenheiro da Boeing denunciou, em 2024, sérias falhas na montagem do avião modelo 787 Dreamliner, o mesmo que caiu nesta quinta-feira, 12, nas proximidades de Ahmedabad, na Índia. O acidente envolveu uma aeronave operada pela Air India, que decolou com destino ao aeroporto de Gatwick, em Londres.
Poucos segundos após a decolagem, o avião caiu em uma área residencial. A polícia local informou que mais de 290 pessoas morreram, incluindo passageiros, tripulantes e moradores atingidos no solo. Há pelo menos um sobrevivente confirmado até o momento.
Embora a causa da queda do avião da Air India ainda esteja sob investigação, ganha destaque a denúncia feita em abril de 2024 por Salem Salehpour, engenheiro da própria Boeing. Ele afirmou que alterações na linha de montagem afetaram o encaixe das seções da fuselagem.
Segundo Salehpour, o processo de montagem do 787 Dreamliner apresentava falhas estruturais graves que poderiam comprometer a integridade do avião em pleno voo após milhares de ciclos de uso.
As peças, fabricadas por diferentes fornecedores, não se ajustavam perfeitamente, e a Boeing teria usado “força excessiva” para encaixá-las, o que, segundo o engenheiro, deformava o material e aumentava o risco de falhas estruturais com o tempo.
Engenheiro diz ter sido ameaçado
O engenheiro relatou ainda que foi ameaçado de demissão após levar suas preocupações aos superiores. Ele enviou documentação detalhada à Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), apontando os riscos de fadiga estrutural nos Dreamliners em operação.
Na época, a Boeing reconheceu mudanças no processo de montagem do 787 Dreamliner, mas afirmou que não havia risco imediato à segurança. O porta-voz Paul Lewis declarou ao The New York Times que o modelo passou por testes rigorosos, e que as análises em andamento buscavam verificar eventuais impactos a longo prazo.
Em nota à BBC, a Boeing classificou as acusações como “imprecisas” e reiterou sua confiança na segurança do 787 Dreamliner, dizendo que todas as questões levantadas passaram por revisão técnica sob supervisão da FAA. Segundo a empresa, os resultados indicaram que a aeronave poderá operar com segurança por várias décadas.
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