O número percentual de famílias brasileiras endividadas, em atraso ou não, atingiu 78,3% em abril de 2023, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Em comparação com o mês anterior, houve repetição. Porém, aumentou em relação a abril do ano passado, que chegou a 77,7%. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou os números nesta quinta-feira, 4.

De acordo com o órgão, a previsão é que a taxa se mantenha nos próximos dois meses, mas suba em julho para 78,4%.

Endividamento

A porcentagem das famílias brasileiras inadimplentes, que são aqueles com contas ou dívidas atrasadas, é de 29,1%, segundo a pesquisa. Esse número é inferior ao de março 29,4%, mas novamente superior aos 28,6% de abril do ano passado. O aumento foi verificado na classe média.

Já a parcela dos que não terão condição de quitar as dívidas estão em 11,6%. Em março, o grupo representava 11,5% e em abril do último ano 10,9%.

“Quem tem dívidas atrasadas há mais tempo segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência em função dos juros elevados, que pioram as despesas financeiras”, destaca a economista da CNC Izis Ferreira.

De 100 pessoas inadimplentes em abril, 45 estavam com débitos há mais de três meses. Ainda conforme a pesquisa, para quitar dívidas mais caras, como do cartão rotativo, por exemplo, brasileiros têm optado pelo crédito pessoal, em que os juros apresentaram o menor crescimento, com uma média de 42% ao ano.

Com relação ao total de endividados, 86,8% são do cartão de crédito e 9% do crédito pessoal. A CNC informou que o uso do cartão é o maior em um ano, mas do pessoal é superior aos últimos seis meses.

Dicas para evitar débitos

No mês passado, o jornalista Nielton Soares, do Jornal Opção, ouviu um especialista que ofereceu dicas para evitar o endividamento. Ele sugere, por exemplo, que os consumidores se conscientizem e busquem um melhor comportamento nos gastos do orçamento familiar.

“A pessoa precisa ter clareza do que ela está gastando no dia a dia”, alerta o consultor de assuntos relacionados a investimentos da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Bruno Ribeiro.

O especialista aconselha que a melhor maneira de sair do endividamento é o planejamento, sendo sugerido o uso da antiga anotação.

“Utilizar uma planilha ou programas de computadores, de celulares e apps. Isso aí é muito importante. Pode parecer um detalhe meio renegado, mas isso dá uma certa clareza de como está sendo gasto o dinheiro”, enfatiza.

Segundo ele, os registros de despesas permitem apontar quais itens podem ser cortados do orçamento, por exemplo. “Isso é um aspecto fundamental para o controle financeiro”, acrescenta.

Consultor Bruno Ribeiro | Foto:  SÍLVIO SIMÕES
Consultor Bruno Ribeiro | Foto: SÍLVIO SIMÕES

Três dicas do consultor para uma saúde financeira

1 – Melhorar o comportamento sobre as compras: não utilizar o cartão de crédito como uma segunda renda;

2 – Utilizar o cartão de crédito para despesas que são imprescindíveis, como compra de casa e abastecimento do carro. Jamais para produtos de desejos;

3 – Parcelamentos: a melhor maneira para adquirir móveis e eletrodomésticos é a compra feita à vista, buscando juntar o dinheiro por meio da economia mensal; isso porque os juros no Brasil são bastante altos.