Uma entrevista coletiva para explicar os detalhes de como serão aplicados os recursos foi agendada para a manhã desta quinta-feira (18/9)

O vice-presidente da CelgPar, Fernando Navarrete, confirmou nesta quarta-feira (17/9) que o montante de R$ 1,9 bilhão, referente a um empréstimo contraído junto à Caixa Econômica Federal, já está na conta da Celg. Uma entrevista coletiva para explicar os detalhes de como serão aplicados os recursos foi agendada para a manhã desta quinta-feira (18).

Sobre a transferência de 51% das ações da Celg para a Eletrobras, Navarrete explica que o próximo passo é a realização de assembleias por parte das duas empresas; no dia 22 no caso da primeira, e no dia 26, no caso da segunda. Se a negociação for aprovada por ambas as partes, a transferência das ações se dá de forma imediata.

O acordo para a concretização do empréstimo com a Caixa Econômica foi assinado no início deste mês, no dia 2, por dirigentes da CelgD e da CelgPar. Em seguida, os papéis foram assinados por representantes da Caixa Econômica, em Brasília, e da Eletrobras, no Rio de Janeiro, para autorizar a operação.

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A contração do empréstimo só será possível graças à promessa de federalização da estatal goiana, firmada em 26 de agosto. O acerto de compra e venda de 51% das ações para a Eletrobras motivou diversas críticas por parte da oposição, que alega que a negociação prejudica o Estado e teria cunho eleitoral. Governistas refutam as críticas e defendem que a assinatura se dá após estudos e que a transferência renderá bilhões aos cofres estaduais após a prorrogação por mais 30 anos da concessão de exploração.

Conforme relatório obtido com exclusividade pelo Jornal Opção Online, R$ 240 milhões do total obtido pelo empréstimo serão destinados à expansão e manutenção da rede elétrica goiana, o que atende redes, linhas e subestações de média e alta complexidade.

Atualmente as regiões com maior demanda reprimida por conta do déficit energético em Goiás são Cristalina, Valparaíso, Cidade Ocidental, Itaberaí, Paranaiguara, Formosa, São João D’Aliança, São Simão e Vianópolis. De acordo com vice-presidente da CelgPar e diretor de regulação da CelgD, Elie Chidiac, nessas localidades a necessidade é, marcadamente, de irrigação e agroindústrias de transformação de seus produtos, sendo que em Cristalina, Formosa, Itaberaí e Luziânia estão em andamento obras contratadas para expansão da rede com conclusão prevista ainda em 2014. “As demais cidades serão inseridas no Plano de 2015”, acrescenta.

“O principal mercado da Celg D é o eixo Aparecida – Goiânia – Anápolis. As restrições hoje existentes estão relacionadas ao limite de capacidade de transformação em subestações. A solução para este problema está em andamento com a ampliação, a curto prazo/Maio-2015, das subestações Carajás e Xavantes, em Goiânia, Anhanguera, em Aparecida, e Daia, em Anápolis”, estima. A médio prazo, Chidiac informa que novas subestações serão implantadas nas regiões dos setores Areião, Riviera, Santa Genoveva, na capital, e Santana, em Anápolis.

Elie Chidiac destaca que quanto ao destino do restante da parcela de R$ 1,9 bilhão é importante ressaltar que ao quitar as dívidas com credores, “certamente se cessará o pagamento com juros exorbitantes que chegam a ser três vezes maiores do que estamos captando agora, e que são de 6.8% a.a.[ao ano]”. Significa que a Celg D terá condições de realizar os investimentos necessários em infraestrutura nos próximos anos de forma que saia do que Chidiac classificou como sendo um “regime vegetativo”, ou seja, “se alimentando com suas próprias receitas.”

Estima-se que o passivo em investimentos desde 2008 esteja na ordem de R$ 800 milhões considerando que a distribuidora de energia deveria ter aplicado, no mínimo, R$ 150 milhões por ano a partir de então, e que foi retomado em 2011”, esclarece. Devido ao período sem os investimentos, foi evidenciada a necessidade de que sejam aplicados, anualmente, a partir de 2014, aproximadamente R$ 300 milhões. Em 2013 foram aplicados R$ 170 milhões –– R$ 130 milhões a menos que o necessário.

A aplicação anual em torno de R$ 300 milhões, segundo Chidiac, possibilitará à Celg atender às projeções de crescimento do mercado tanto no que diz respeito ao aumento vegetativo do setor como também quanto às novas demandas de carga e recuperação do que não foi executado entre 2008 e 2011. “Vale ressaltar, ainda, que o desejo da Celg D é investir montantes maiores dos R$ 300 milhões previstos, mas isto esbarra na execução, sendo que o Estado de Goiás se encontra em situação de pleno emprego e isto torna a mão de obra para o setor elétrico escassa”, diz, creditando ao cenário ainda o fato de o setor da construção civil estar aquecido no Estado, o que causaria concorrência “com a Celg de forma direta na contratação desta mão de obra”.

Com os investimentos em infraestrutura da rede a Celg poderá melhorar seu desempenho nos indicadores de continuidade, principalmente o FEC, Frequência de desligamentos; além do DEC, duração as interrupções. “O foco que a CelgD pretende dar a estes investimentos está no aumento do número de religadores telecomandados nas redes de distribuição urbana e rural”, detalha Chidiac. Ele explica que o telecomando é feito remotamente pelo Centro de Operação do Sistema, o COS, sendo que estes equipamentos religam automaticamente a rede eliminando a necessidade de deslocamentos de equipes para restabelecer o fornecimento de energia quando os defeitos são causados por ação de árvores que encostam nos cabos, por exemplo.

“Já foram instalados 50 religadores em Goiânia, Aparecida e Anápolis; estão em aquisição outros 200 para serem instalados em várias outras cidades e mais 200 para subestações em toda a área de concessão. Em 2015 serão adquiridos e instalados 300 religadores”, garante.

O investimento em revitalização das linhas e subestações de alta tensão também é apontado como crucial para a melhoria do serviço prestado pela Celg. Conforme Chidiac, é estimado o valor de R$ 40 milhões já a partir deste ano, a ser aplicado em 77 subestações e 78 linhas.

“Com estes projetos a Celg D tem como meta alcançar em médio prazo os índices de qualidade Regulatórios, FEC de 11,49 desligamentos/ano e 13,94 horas/ano (DEC)”, conclui Elie Chidiac.