A empresa Ouro Verde, responsável pelo lixão onde ocorreu o deslizamento de uma pilha de resíduos em 18 de junho de 2025, pediu ao Governo de Goiás a prorrogação do prazo para concluir a remoção do lixo que desabou sobre uma grota em Padre Bernardo. O pedido foi aceito pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

De acordo com a solicitação, o prazo para retirar totalmente os resíduos foi estendido até 10 de outubro, enquanto a execução dos demais compromissos previstos no Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com a secretaria poderá ser concluída até 30 de outubro.

A Ouro Verde argumenta que a topografia irregular do terreno dificultou os trabalhos e que o volume de material aumentou cerca de 30%, passando de 42 mil para quase 60 mil metros cúbicos, em razão do uso de terra para conter o incêndio registrado no local no dia 24 de junho.

Segundo a Semad, até o fim de setembro haviam sido realizadas quase 7 mil viagens de caminhão, com o transporte de 55 mil metros cúbicos de resíduos. A pasta informou que todo o lixo do leito do Córrego Santa Bárbara já foi removido, restando apenas uma parte na grota próxima ao ponto do deslizamento, área que ainda apresenta instabilidade e exige cuidado na operação.

Outras ações

Paralelamente à limpeza da grota, estão em andamento ações para reduzir riscos ambientais, como a realocação e o controle do chorume armazenado, a compactação e o recobrimento do lixo remanescente, além da construção de drenagens no local de armazenamento temporário. Também está sendo erguida uma nova lagoa de chorume, a sexta da área, para reforçar o sistema de contenção.

O material removido está sendo depositado em uma célula temporária impermeabilizada dentro da própria propriedade. A Semad informou que pretende apresentar, até 10 de outubro, um novo documento com os próximos passos emergenciais a serem adotados para mitigar os impactos do desastre.

No relatório de monitoramento entregue pela Ouro Verde à Semad em 26 de setembro, os resultados apontam melhora na qualidade da água nos cursos d’água próximos ao lixão. As coletas foram feitas em quatro pontos do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal, ambos situados após a área do deslizamento.

Os índices de manganês, fósforo, níquel, zinco, fenóis e benzeno apresentaram redução em relação às medições anteriores. Ainda assim, em alguns parâmetros, os valores continuam acima dos limites estabelecidos pela Resolução nº 357/2005 do Conama.

O manganês, por exemplo, caiu, mas segue acima do limite de 0,1 mg/L nos dois pontos mais próximos ao lixão, registrando 0,201 mg/L e 0,187 mg/L. Já o terceiro ponto apresentou valor de 0,09 mg/L, dentro do permitido.

O benzeno permanece em cerca de 0,01 mg/L em todos os pontos, o dobro do limite de 0,005 mg/L definido pelo Conama. O fósforo total, por sua vez, apresentou melhora: reduziu de 0,097 mg/L para 0,085 mg/L, abaixo do teto de 0,1 mg/L.

O níquel também ficou dentro do limite de 0,025 mg/L, diferentemente da análise anterior, quando havia ultrapassado 0,099 mg/L. Já o zinco apresentou valores significativamente menores — até 0,029 mg/L, bem abaixo do máximo permitido de 0,18 mg/L. As amostras de fenóis também indicaram conformidade com os parâmetros ambientais.

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