Empresa diz que casal gay foi demitido por “corte de gastos” e nega preconceito
18 novembro 2016 às 10h39

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Advogado da WB Componentes afirmou que orientação sexual dos dois ex-funcionários não impediu que eles fossem contratados e, portanto, não seria motivo de dispensa

O advogado Tabajara Póvoa, que representa a empresa WB Componentes -acusada de homofobia por dois ex-funcionários, que afirmaram ter sido demitidos após oficializar casamento – negou que a motivação do desligamento dos dois tenha sido a orientação sexual deles. Segundo ele, era de conhecimento da empresa que eles eram namorados e que isso nunca teria sido motivo de assédio ou para justificar demissão.
“A demissão não teve nada a ver com a situação do casal, quando o segundo funcionário foi contratado, já sabiam da condição dele de homossexuais, eles já haviam inclusive frequentado festas de confraternização e se apresentado como namorados”, contou ele. “Se não foi obstáculo para a contratação, por que seria motivo para a demissão?”
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Segundo o advogado, o real motivo da demissão foi o momento de dificuldades econômicas que enfrenta a empresa. “A empresa desconhece totalmente o fato, a demissão foi sem justa-causa e eles têm a liberdade de demitir quem quiserem, têm que definir quem mandar embora”, afirmou.
O casal alegou que tirou três dias de licença após o casamento, mas que a empresa os demitiu porque considerou dois desses dias como falta. O advogado confirmou que dois dias foram considerados falta, mas alegou que eles foram informados previamente do período em que poderiam se ausentar e que esse não foi o único motivo da demissão.
“Foi uma série de fatores, inclusive sobre quantos dias era a possibilidade do recesso. Eles extrapolaram o limite do entendimento do jurídico mesmo tendo sido informados previamente, inclusive tenho parecer que eu passei para a empresa. Mas isso sozinho não é só o motivo”, disse. Questionado sobre quais seriam estes outros fatores, no entanto, o advogado não quis informar, alegando que não queria expor os dois.
Por fim, ele negou que a empresa tivesse conhecimento do assédio que, segundo o casal, era diário e constante. “Empresa nunca ficou sabendo disso [das chacotas], nem o RH nem a diretoria”, garantiu ele. Entretanto, não negou a fala dos dois ex-funcionários de que, no momento da contratação, foram advertidos de que “não deveriam ficar se pegando no trabalho”, e utilizou-se da alegação para comprovar que não houve preconceito nem na contratação, nem na demissão.