Empreender em tempos de crise: os negócios goianos que estão superando a pandemia
06 setembro 2020 às 16h59
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Pequenos empresários falam sobre trajetória que passou por dúvidas e agora começa alcançar patamares de esperança
Quando decide montar um negócio, o empreendedor conta com planejamentos que buscam reduzir seus riscos e incertezas. No entanto, crises como a pandemia de Covid-19 não estão entre as possibilidades calculadas. Nesta dinâmica de desafios, porém, negócios conseguiram se superar, chegando a registrar crescimento nos meses de isolamento social.
Lista divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Goiás aponta que áreas como delivery, marmitas e serviço para pets estão em alta apesar da pandemia. Em um dos recortes, dados da Statista revelam que na primeira quinzena de março o comércio eletrônico aumentou 40% em comparação com o mesmo período de 2019.
Para a analista de estratégia do Sebrae, Polyanna Cardoso, os novos hábitos de consumo, formas de convívio social e as mudanças de rotina da população são indicativos de que para os negócios emergidos durante a pandemia haverá estabilidade, mesmo com a também previsão de retomada dos comércios físicos.
“O hábito de comprar online cresceu e as pessoas viram facilidade nisto. O e-commerce não é mais uma tendência, é um modelo de negócio estabelecido e que tende a crescer ainda mais”, afirma a especialista, que destaca considerar a internet como mais uma das possibilidades disponíveis ao empresário, somando mesmo aos estabelecimentos físicos, sem se configurar um risco.
Empreendedores que se superaram
Após pensar seu negócio por meses, Christiane Santana inaugura no final de novembro de 2019 o Gaia Atelie Gastronômico, especializado em delivery de almoço. Após os três primeiros meses com vendas tímidas, Christiane conta que viu o negócio começar a decolar no início de março deste ano.
“Eu digo que o Gaia começou a operar em novembro, mas que ele nasceu de verdade em março. Mas ainda recém-nascido explodiu a pandemia”, relata a empreendedora, que define as primeiras semanas como um momento vago e de confusão.
Vendo a necessidade de adaptar o negócio às novas dinâmicas de compras e relacionamento com funcionários e fornecedores, buscando manter o funcionamento da empresa, Christiane diz que planejamento, organização e conhecimento do negócio como um todo foi determinantes.
“Estar dentro da operação com a mão na massa, conhecer o meu produto, a matéria prima, ter relação com meus fornecedores, estar preocupada com as ações de higiene foi muito importante para que conseguíssemos manter nosso ambiente de trabalho seguro principalmente para equipe e consequentemente para os clientes”, destaca a empresária.
Estratégias para sair da crise
Inaugurada sete meses antes do Gaia, a loja Empodere Scarpin teve trajetória diferente. A proprietária Cleonice Silva conta que após conceber a marca entrou em fluxo de crescente de vendas. Atuando com vendas 100% online, a empresa especializada em sapatos femininos do tipo scarpin viu as vendas caírem drasticamente com a pandemia.
O motivo para da queda nas vendas é explicado por Clonice, que diz que os sapatos são procurados principalmente para eventos sociais diversos e com o cancelamento a procura foi quase zero durante dois meses, entre maio e junho.
Para manter a empresa ativa, a empresária conta que precisou achar respostas nas análises estratégias. Foi com estreitamento de lanços com clientes já estabelecidos e ampliação dos canais de vendas que começou a observar a retomada, mesmo que tímida.
Para Cleonice a internet está entre os fatores que sustentaram a empresa mesmo na crise. “Uma das principais vantagens são os custos fixos menores comparados ao que tem uma loja física”, destaca a empresária, que alerta, porém, para a atenção que os empreendedores devem tomar para conseguir destaque na internet.
“Ao lado de tantas marcas, principalmente concorrendo com grandes concorrentes você se torna uma formiguinha”, afirma, finalizando com dica incorporada por ela, que passou a anunciar seus produtos em grandes plataformas: “Se você não pode contra seus concorrentes, você deve se aliar a eles”.