Embrapa e Agência Espacial Brasileira firmam parceria para projeto que enviará pessoas à lua

23 novembro 2023 às 19h50

COMPARTILHAR
Presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o presidente da Agência Especial Brasileira assinaram um protocolo de intenções de parceria para a participação do País no Programa Artemis. O projeto da Agência Espacial dos Estados Unidos da América (Nasa) reúne projetos de colaboração internacional com a intenção de enviar novamente o homem à lua e a criação de uma base lunar no satélite. Um dos objetivos é garantir a expertise em cultivo de plantas no espaço e avançar em pesquisa agrícola.
O Brasil faz parte dos países signatários da parceria que prepara uma base para uma futura missão para Marte.
Leia também: Há 50 anos, o maior feito da história da humanidade

A partir de agora, a Embrapa vai atuar como provedora de dados, tecnologias e produtos que serão usados tanto na conquista do espaço quanto no dia a dia da sociedade brasileira. A expectativa é que a colaboração auxilie na superação de desafios como as mudanças climáticas, novas formas de produção, como fazendas verticais e cultivares com características que atendam aos novos mercados.
Preparativos para exploração espacial
A iniciativa é um marco significativo tanto para a pesquisa agrícola quanto para a exploração espacial brasileira. Silvia Massruhá afirmou que a Embrapa, após 50 anos de liderança em agricultura tropical, está pronta para explorar novos horizontes, destacando a importância da participação no projeto Artemis como uma visão renovada.
Alessandra Fávero, pesquisadora da Embrapa, explicou que desde a assinatura do Acordo Artemis em 2021, a Embrapa enxergou a oportunidade de contribuir com avanços na pesquisa agrícola, levando à criação de uma rede de pesquisa envolvendo 12 instituições e mais de 30 pesquisadores. O foco será o desenvolvimento de sistemas de produção e adaptação de culturas para condições fora da Terra, incluindo o cultivo de batata-doce e grão de bico.
Cenário mundial
De acordo com o presidente da AEB, a instituição criada há 30 anos se estruturou para o cenário mundial à época, mas o futuro aponta para outras direções. “A AEB estava focada na produção de foguetes, satélites e tecnologias de sensoriamento remoto, mas é preciso avançar e usar os dados que são gerados na busca por outros horizontes para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro”, afirmou. “A parceria com a Embrapa neste projeto é a esperança de novas descobertas que trarão benefícios para a sociedade”, completou Marco Antônio Chamon.
Plantação no espaço
A pesquisadora Alessandra Fávero conta que desde a assinatura do Acordo Artemis, em 2021, um dos objetivos era o cultivo de plantas no espaço e o avanço em pesquisas agrícolas. “Levei a ideia de Space Breeding e Space Farming à gestão Embrapa Pecuária Sudeste, que apoiou o avanço de articulações sobre a temática junto a pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Instrumentação, Hortaliças, Agroindústria Tropical e Soja, bem como de diversas instituições de pesquisa e universidades e a Agência Espacial Brasileira”, conta.
Leia também: Brasil pode ter novo astronauta no futuro, diz novo chefe da AEB
partir da parceria entre Embrapa e AEB, foi consolidada uma rede de pesquisa com 12 instituições e mais de 30 pesquisadores, com o objetivo de avançar no desenvolvimento de sistemas de produção e adaptação das culturas de batata-doce e grão de bico, espécies consideradas opções de base alimentar para humanos em condições fora da Terra.
A proposta é que pesquisas avancem na adaptação de culturas, desde o plantio em ambientes fechados até a qualidade nutricional dos alimentos, incluindo, entre outros aspectos, adequação de soluções nutritivas em hidroponia e aeroponia (cultivo que mantém as plantas suspensas no ar, apoiadas pelas raízes).
“Acredita-se que, além do avanço das pesquisas a serem usadas no cultivo no espaço, muitos resultados em benefício à sociedade poderão ser obtidos, como novas cultivares e tecnologias para auxiliar na superação de desafios como o de mudanças climáticas ou novas formas de sistemas de produção, como as fazendas verticais”, destacou Alessandra.
Programa Artemis
A Missão Artemis é um programa da NASA que tem como objetivo explorar a lua e ensaiar o envio de pessoas para o satélite da Terra entre 2024 e 2025, após um intervalo de 50 anos. A espaçonave não tripulada Orion da NASA foi lançada no topo de um foguete do Sistema de Lançamento Espacial (SLS) no dia 16 de novembro, dando início à Missão Artemis.

A previsão é que a missão tenha uma duração de 25 dias. Embora a nave não tenha tripulação, Orion está equipada com “manequins” que registram os impactos do voo no corpo humano.
Leia também:
Foguete da SpaceX e Boeing inaugura nova fase da exploração espacial