Bolsonaro ataca ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol

13 dezembro 2021 às 11h08

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Vídeo foi postado antes de Bolsonaro ir ao sul da Bahia; Presidente também acusa Lava Jato de fabricar depoimentos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou em rede social um vídeo onde acusa a operação Lava Jato de produzir depoimentos e depois “chamar o cara para assinar”. Antes de sair para o sul da Bahia e norte de Minas Gerais, neste domingo, 12, Bolsonaro atacou o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, que se filiou recentemente ao Podemos, partido do pré-candidato à Presidência Sérgio Moro, para uma provável disputa de cadeira na Câmara dos Deputados em 2022.
No vídeo Jair Bolsonaro fala que, em 2019, se recusou a falar com Deltan Dallagnol depois que ele teria solicitado uma audiência. Alegando que na época Deltan era o cotado, nas mídias sociais, como a pessoa certa a ir à Procuradoria-Geral da União (PGR), Bolsonaro diz: “Se eu tivesse uma audiência com ele, com toda certeza, não iria indicá-lo para PGR. Mas ele ia sair com uma história pronta, como eles faziam por ocasião de alguns depoimentos por ocasião da Lava Jato, escreviam o depoimento e chamavam o cara para assinar. E ia falar o quê: que eu teria feito uma proposta indecorosa pra ele, para salvar algum parente.”
O vídeo gravado por Bolsonaro foi uma solicitação para que apoiadores assistam um documentário que seria “o jogo do poder de forma documentada”. Ele recomendou ainda um vídeo de um youtuber que chama Dallagnol de lulista, diz que Moro se ligou a mensaleiros e foi parcial ao proteger o senador Álvaro Dias (Podemos) na Lava Jato. Os choques entre Bolsonaro e Moro cresceram após o ex-juiz se filiar ao Podemos.
Resposta
Ainda no domingo, Deltan também postou um vídeo falando sobre o depoimento de Bolsonaro. “Ao contrário do que o presidente afirmou, eu jamais pedi reunião com ele ou liguei para ele, nem antes ou depois da indicação para o procurador geral da república que acabou com a Lava Jato. Interlocutores do Planalto me procuraram em 2019 para perguntar se eu aceitaria me reunir com ele, mas eu recusei”, disse Dallagnol.
O jurista também falou que Bolsonaro errou ao dizer que os procuradores escreviam as delações dos colaboradores. “Talvez porque ele não teve a oportunidade de conhecer melhor o nosso trabalho na Lava Jato. Todos os acordos de cooperação foram negociados pela defesa e os fatos e as provas foram trazidos espontaneamente”, disse.