Em transição para novas OSs em maternidades, Mabel diz que trabalha em medidas emergenciais para garantir atendimento

22 agosto 2025 às 19h00

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O prefeito de Goiânia Sandro Mabel (UB) afirmou nesta sexta-feira, 22, que a prefeitura está tomando medidas emergenciais para garantir o atendimento nas maternidades municipais durante o processo de transição para novas Organizações Sociais (OS).
Segundo ele, a troca de gestão deve ser concluída em até 20 dias e resolverá problemas estruturais de administração e custos. “As OS estão na iminência de assumirem as maternidades. E bem nessa troca agora, a gente está vendo de novo um problema que é recorrente, já vem acontecendo há algum tempo”, disse Mabel.
“Nós acompanhamos, só que nós assinamos o cheque, nós não temos administração. É por isso que nós estamos trocando, porque falta gestão nesse pessoal.” O prefeito relatou que a atual gestão das maternidades não conseguiu manter eficiência no atendimento e praticava custos acima do mercado.
“Primeiro que o preço deles é o dobro do que valia no mercado, e segundo que eles não têm uma expertise de fazer uma gestão eficiente. Não funciona. Nós medimos vários parâmetros e temos insistido desde o dia que fui eleito que esses preços estavam errados e o serviço tinha problema”, criticou.
Entre as medidas emergenciais já adotadas, Mabel destacou o pagamento de anestesistas para garantir a realização de partos e procedimentos. “Ontem nós tomamos providência, hoje nós começamos a pagar os anestesistas para que possam se manter as operações na Nascer Cidadão. Ninguém vai ficar sem atendimento adequado na hora do parto do seu filho”, assegurou.
Garantia às gestantes
Questionado sobre a segurança para gestantes de alto risco que dependem das maternidades municipais, Mabel garantiu que não haverá interrupção dos serviços.
“Todos os nenéns vão nascer com segurança, com atendimento. Temos um plano de contingência com Aparecida de Goiânia e com as maternidades do Estado. Se precisar deslocar uma mãe para outro lugar por falta de vaga, vamos fazer, como já acontece em alguns momentos de maior demanda”, afirmou.
O prefeito também ressaltou que mais da metade dos partos realizados nas unidades da capital são de mães de outras cidades. “Hoje, 54% dos meninos que nascem nas maternidades de Goiânia não são de Goiânia. Nós pagamos a conta, mas os meninos são de cidades vizinhas. Mesmo assim, essas trocas já funcionam e não têm nenhum problema”, completou.
Produtividade e fiscalização de servidores
Mabel criticou a baixa produtividade de algumas unidades e anunciou maior rigor na fiscalização do trabalho de médicos e servidores. “A Maternidade Dona Íris já fez 800 partos por mês, mas estava fazendo menos de 400. Ela tem cinco salas de cirurgia, 83% de ociosidade. Não pode funcionar desse jeito”, disse. Ele citou ainda casos de irregularidades na atuação de profissionais.
“Pegamos um médico que estava sete anos de licença médica, ganhando mais de R$ 30 mil por mês, sem perder nenhum benefício, atendendo em clínica particular. Isso não é possível. O cara tem que entender que é funcionário público, e funcionário do público tem que vir trabalhar”, afirmou. Para combater abusos em licenças médicas, a prefeitura recorreu ao SESI para acelerar análises de atestados.
“A junta médica tinha mais de 15 mil atestados parados há anos. O SESI já corta os que não têm necessidade e encaminhamos casos suspeitos ao Cremego. As pessoas pagam imposto e precisam do servidor. Não podemos ficar sem atendimento por causa de atestados falsos ou indevidos”, pontuou.
Por fim, Mabel reiterou que a troca para novas OS trará mais eficiência às maternidades. “Em pouco tempo, coisa de 15 a 20 dias, as novas gestoras vão assumir. São experientes, já administram várias maternidades e vão dar o andamento que esperamos. As mães podem ficar tranquilas: serão bem atendidas agora e ainda melhor no futuro”, concluiu.
Entenda a crise nas maternidades
Famílias denunciaram ao Jornal Opção falta de insumos no Hospital Maternidade Dona Iris (HMDI), o que levou à imposição de parto normal em vez de cesárea e ao cancelamento de procedimentos como laqueadura.
A escassez, que afeta maternidades e UPAs desde o fim de 2024, decorre da suspensão de repasses e de desvios de verbas na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) durante a gestão Rogério Cruz (SD), investigados na operação Speedy Cash, que resultou na prisão do ex-secretário Wilson Pollara e de outros envolvidos.
Com a crise, Sandro Mabel (UB), ao assumir a Prefeitura, decretou calamidade financeira e sanitária e iniciou processo de substituição da Fundahc/UFG, responsável pelas maternidades, após apontar custos altos, descumprimento de metas e uso irregular de recursos.
A Fundahc nega as acusações, atribui os problemas à inadimplência da SMS e cobra dívida de R$ 158 milhões. Em junho de 2025, a gestão abriu chamamento público e escolheu três novas OSS, AHBB, HBSJH e Instituto Patris, para administrar as maternidades, com contratos que somam cerca de R$ 12,6 milhões, quase R$ 7 milhões a menos que os repasses à Fundahc.
A transição, entretanto, gera apreensão entre profissionais, que relatam salários menores, perda de benefícios, escalas precárias e incertezas sobre aproveitamento de pessoal.
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