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Empresa foi segunda comercializadora de soja que mais exportou grãos vindos dos 15 municípios com maior área de soja das fazendas associadas com desmatamento ilegal

Cerrado| Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Em razão da ligação com o desmatamento ilegal no cerrado, a Cargill foi excluída da lista de fornecedores de uma das maiores produtoras de salmão do mundo, a empresa norueguesa Grieg Seafood.

A decisão está atrelada aos R$ 558 milhões em títulos verdes (green bonds) recém-captados pela Grieg Seafood. Esses títulos são emitidos para financiar projetos sustentáveis.

A Cargill Aqua Nutrition não vai mais receber compras com esses papéis, usados para financiar a obtenção de rações inovadoras que melhoram o bem-estar e a saúde dos peixes.

“Por sermos uma empresa com soja brasileira em nossa cadeia de valor, estamos profundamente preocupados com os atuais desenvolvimentos no Brasil”, disse a gerente de comunicação global da Grieg, Kristina Furnes, ao site Intrafish.

Associação com desmatamento ilegal

A empresa Nestlé já havia efetuado retaliações a Cargill por ela não excluir soja de áreas desmatadas de sua cadeia de fornecedores.

“É a primeira vez que a Cargill foi excluída por uma empresa norueguesa. A Nestlé já havia adotado medidas semelhantes contra a Cargill devido à falta de disposição da empresa em excluir a soja de áreas desmatadas de sua cadeia de fornecedores”, afirma Ida Claudi, conselheira da Rainforest Foundation Norway (RFN).

“É uma decisão muito importante para salvar florestas tropicais e uma ação ousada da Grieg Seafood. A Cargill deveria ouvir o que está sendo dito. Suas desculpas por não tomar medidas contra o desmatamento não são mais aceitas. Até a Cargill parar de negociar soja desmatada, seus clientes estão negociando com um vilão da floresta”, acrescentou Claudi.

Um relatório apontou que, em 2018, a Cargill foi a segunda trader (comercializadora) de soja que mais exportou os grãos vindos dos 15 municípios com maior área de soja em fazendas associadas com desmatamento ilegal no Mato Grosso. O estudo, publicado no mês passado, é iniciativa da Trase e das ONGs ICV (Instituto Centro de Vida) e Imaflora.