Em Goiás, petista precisa atingir eleitorado maior do que o que Haddad obteve no segundo turno de 2018. Aqui, o ex-prefeito de São Paulo obteve 1,1 milhão de votos frente a 2,1 milhões de votos de Bolsonaro

Em tentativa de se aproximar do eleitorado goiano, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou com 1,1 milhão de votos a mais do que Fernando Haddad (PT) no primeiro turno das eleições de 2018 e com praticamente 2/3 do eleitorado do segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu investir no Entorno, onde os municípios goianos estão limítrofes de Brasília. Para isso, o presidenciável disse que vai se unir aos governadores de Goiás e o Distrito Federal (DF) e aos prefeitos das cidades para melhorar a infraestutura da região. O Entorno abarca os municípios de Águas Lindas, Cidade Ocidental, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás.

“Se eu for candidato, e se for eleito, vou juntar prefeitos do Entorno de Brasília: Luziânia, Novo Gama e tantas outras cidades, além dos governadores de Goiás e do DF [Distrito Federal], para sentarmos para conversar e resolver estes problemas de infraestrutura e sociais, como a falta de hospitais na Região”, afirmou Lula. Esta foi a primeira sinalização do candidato para o Estado de Goiás, onde o petista precisa atingir um eleitorado maior do que o de Haddad teve no segundo turno das eleições de 2018 para voltar à presidência da República. Aqui, o ex-prefeito de São Paulo obteve 1,1 milhão de votos frente a 2,1 milhões de votos de Bolsonaro no segundo turno.  

Outra dificuldade de Lula pode ser estar no perfil do eleitorado goiano. Mesmo no segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos divulgadas até o momento, o presidente Jair Bolsonaro ainda tem substancial popularidade no Estado. A grande base econômica agrária e o número significativo de população evangélica dão vantagem para o liberal, ainda que a única pesquisa eleitoral, até o momento, relativa a Goiás, aponte que o petista esteja à frente do atual presidente. Isso pode explicar a tentativa de Lula de e aproximar do eleitorado goiano, que já lhe deu 1,1 milhão de votos no primeiro turno das eleições de 2006 e 1,4 milhão de votos no segundo turno daquele pleito. Na primeira eleição, em 2002, o petista teve 1 milhão de votos no primeiro turno e praticamente os mesmos 1,4 milhão de votos.  

A mais recente pesquisa eleitoral do Instituto de Pesquisas, Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) aponta que, em âmbito nacional, Lula teria 43% das intenções de voto, frente a 26% das intenções de voto para Bolsonaro. Na espontânea o petista ainda tem 35% contra 25% do liberal e, num eventual segundo turno em que os dois se enfrentam, o Lula tem 54% das intenções de voto contra 32% para Bolsonaro. Ainda assim, o cenário pode ser diferente no Estado de Goiás, onde o quadro de eleitores mais conservadores pode direcionar para escolha do liberalismo e do atual presidente da República, como citou o representante da Zona Rural de Barro Alto, Alan Bessa Júnior, ao Jornal Opção. O produtor rural é apoiador de Bolsonaro e acredita que o liberal tem “patriotismo”, “enfrentamento à imprensa” e “defesa dos valores tradicionais e da religiosidade”, que são sentimentos que podem influenciar no próximo pleito.