Na nova fase, força tarefa denuncia guias que direcionavam vítimas à Casa Dom Inácio e davam apoio aos crimes do médium

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O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) apresentou à imprensa na tarde desta segunda-feira, 12, nova denúncia contra o médium João de Deus. Dando início ao que a força tarefa considera ser nova fase, promotores acusam guias do Rio Grande do Sul, que indicavam às vítimas tratamentos espirituais na casa Dom Inácio, de dar apoio com conivência aos crimes sexuais cometidos no local.

Nessa 12° fase, o órgão detalha que duas mulheres seguiam do Rio Grande do Sul para Abadiânia para receber os tratamentos espirituais prometidos. De acordo com a denúncia, as vítimas relataram aos guias, Roberto Krabbe e Paulo Ricardo Huppes, os abusos cometidos, mas eles intervinham, segundo os promotores, para manter o ciclo.

“As vítimas reportavam abusos sofridos e os guias, ao invés de orientá-las, eram mais que coniventes e atuaram para que elas não interrompessem o ciclo”, detalha a promotora Renata Caroline e Silva.

Para os investigadores, os guias agiam de forma a convencer as vítimas de que os abusos faziam parte dos métodos de tratamento. “Havia ameaças espirituais, por exemplo, sobre a possibilidade de separação”, detalha a promotora.

Em razão da conivência, o MP aponta que os denunciados foram omitentes, já que no papel de guias deveriam adotar responsabilidade pelas contratadas. Junto com João de Deus, os dois guias são acusados de crimes sexuais e podem pegar até 20 anos de prisão.

330 mulheres

Durante a coletiva o MP atualizou o número de supostas vítimas registradas pela força tarefa. Até o momento são 330 denúncias apresentadas em algum molde ao órgão. Desse número, 194 formalizaram queixa e 147 delas foram dirigidas ao Poder Judiciário. O médium já foi condenado em processo que envolve quatro vítimas, além de já ter sido registrada condenação por porte ilegal de arma de fogo.

A defesa afirma que ainda não foi intimada sobre esta nova denúncia, mas, de antemão, caso ela tenha sido desenhada com os mesmos contornos das anteriores, considera que não terá melhor sorte nos tribunais superiores. “O Ministério Público vem fazendo verdadeiro malabarismo jurídico para tentar prevalecer a qualquer custo as imputações criminais inverídicas e para tanto utiliza os meios de comunicação para inflacionar o sentimento de ódio contra o meu cliente, fazendo do processo um espetáculo público”, justificam.