Em nota, CNI tenta corrigir declaração de presidente sobre 80 horas semanais de trabalho

08 julho 2016 às 17h26

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Após fala de Robson de Andrade nesta sexta-feira (8/7) ser criticada, entidade afirma que seu homem de frente “JAMAIS” defendeu esse aumento da jornada no Brasil

Durante reunião do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da qual participou parte da equipe do governo federal interino, inclusive o presidente em exercício Michel Temer (PMDB), o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, usou o exemplo da França, que mudou a carga horária de trabalho semanal de 36 horas para 60 horas como medida que o Brasil deve ter coragem de adotar.
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Em sua declaração no evento, o presidente da CNI citou, ao invés 60 horas semanais de trabalho, uma carga horária de 80 horas por semana para o trabalhador como uma possibilidade de revisão para “criar competitividade” e enfrentar a crise econômica no Brasil.
As palavras de Robson Braga foram bastante criticadas no momento seguinte em que foram declaradas. Em resposta às declarações contrárias à proposta do presidente da entidade, a gerência de comunicação da CNI enviou nota tentando desmentir o que o líder da Confederação afirmou durante o evento.
A comunicação da CNI disse que seu presidente “JAMAIS defendeu o aumento da jornada de trabalho brasileira, limitada pela Constituição Federal em 44 horas semanais”. Na nota, a entidade afirmou que tem “profundo respeito pelos trabalhadores brasileiros e pelos direitos constitucionais”, descritos no texto como “símbolo máximo das conquistas sociais da nossa sociedade.”
As mesmas medidas, que os integrantes da iniciativa privada estão “ansiosos” para ver sendo aplicadas, “medidas muito duras”, nas falas do presidente da CNI, são uma demonstração, para Robson Braga, de que “o mundo é assim”. “A gente tem que estar aberto para fazer essas mudanças. E nós ficamos aqui realmente ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível.”
As declarações do presidente da CNI pegaram tão mal que, na nota, foi preciso informar, com uso de correção entre parênteses, que a referência às 80 horas semanais na carga horária como exemplo a ser analisado como proposta ao mercado de trabalho brasileiro, na verdade seriam 60 horas, em uma espécie de erro na declaração.
Leia a nota da CNI na íntegra:
Nota à imprensa
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, JAMAIS defendeu o aumento da jornada de trabalho brasileira, limitada pela Constituição Federal em 44 horas semanais. A CNI tem profundo respeito pelos trabalhadores brasileiros e pelos direitos constitucionais, símbolo máximo das conquistas sociais de nossa sociedade.
Confira na íntegra o trecho da entrevista coletiva dada à imprensa:
“Nós estamos ansiosos, na iniciativa privada, de ver medidas muito duras. Duras que eu digo, medidas modernas, mas medidas difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da Previdência Social. Tem que haver uma mudança da Previdência Social, se não nós não vamos ter no Brasil um futuro promissor. As questões trabalhistas, nós vemos agora a França promovendo, sem enviar para o Congresso Nacional, tomando decisões com relação às questões trabalhistas.
Nós aqui no Brasil temos 44 horas de trabalho semanais. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 horas, passou agora para 80, a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal (sic, são 60 horas) e até 12 horas diárias de trabalho. A razão disso é muito simples, é que a França perdeu a competitividade da sua indústria com relação aos outros países da Europa. Então, a França está revertendo e revendo as suas medidas para criar competitividade. O mundo é assim. A gente tem que estar aberto para fazer essas mudanças. E nós ficamos aqui realmente ansiosos para que essas mudanças sejam apresentadas no menor tempo possível”.
Gerência de Jornalismo da CNI