O primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina aconteceu no próximo domingo, 22. Os três candidatos com mais chances, Javier Milei, Patricia Bullrich e Sergio Massa, fizeram atos para marcar o fim do período eleitoral, com fim das campanhas na quarta-feira, 18. Em agosto, aconteceram as primárias, na qual os eleitores escolheram em qual das coligações querem votar.

Essa escolha é tida como uma indicação da preferência do eleitorado. Sendo assim, Milei ficou em primeiro. Na ocasião, o ultradireitista obteve 30,2% dos votos e seu desempenho surpreendeu as forças políticas tradicionais do país.

Os resultados dessa primeira votação foram os seguintes:

  • Javier Milei, deputado federal de extrema direita, em primeiro, com 29,86%;
  • A coligação de Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Macri, em segundo com 28%;
  • A frente política de Sergio Massa, o atual ministro da Economia, em terceiro com 27,27%.

Nesse período mais agudo de uma crise que se arrasta há décadas na Argentina, a expectativa da dolarização da economia, a principal bandeira eleitoral do ultradireitista Javier Milei, levou a uma corrida aos dólares. Em duas semanas, o dólar no câmbio paralelo subiu de menos de 700 para mais de 1.000 pesos.
Devido à alta inflação anual de 138,3% em setembro em um país, a maioria dos setores econômicos não consegue estabelecer preços, aguardando o resultado do primeiro turno. Num conjunto de 12 pesquisas realizadas até o dia 11 de outubro e consultadas pelo jornal argentino La Nación, Milei aparece à frente em 11 delas. Duas sondagens o colocam com 35,6% e 35,5%, enquanto nas demais, ele oscila entre 34,7% e 33%. Massa aparece tendo entre 26% e 32,2%, e Patricia, entre 21,8% e 28,9%.

Massa é o principal adversário de Milei. O candidato do governo de Alberto Fernández aparece à frente em apenas uma pesquisa, divulgada pela Atlas Intel, com 30,9% ante os 26,5% de Milei. A pesquisa foi feita com dados coletados entre os dias 10 a 13 deste mês.

Um possível segundo turno entre Milei e Massa resultará em mais um mês de instabilidade cambial e aumento descontrolado de preços. Como sinal da volatilidade do mercado devido à tensão eleitoral, na semana passada, os investidores retiraram US$ 6,6 milhões do Global X MSCI Argentina ETF, um dos principais meios para estrangeiros investirem na Argentina, representando a maior retirada desde abril de 2021.

Vitória de Milei preocupa Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que uma eventual vitória de Javier Milei – o candidato radical de extrema-direita que concorre à presidência na Argentina – preocupa o governo brasileiro.”É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à agência Reuters.