Fluvoxamina reduz reposta inflamatória causada pelo vírus e diminui a demanda por internação, mostra pesquisa publicada pela revista The Lancet Global Health

Estudo publicado pela revista científica ‘The Lancet Global Health’ mostra que antidepressivo fluvoxamina pode ser cogitado ao tratamento da Covid-19 em pacientes considerados de alto risco e que forem diagnosticados precocemente com a doença. De acordo com a revista, o medicamento diminuiu a demanda por internação e pela permanência prolongada dos pacientes em áreas hospitalares.
Originalmente, a fluvoxamina é utilizada e indicada ao tratamento de condições psiquiátricas, como a depressão e o transtorno obssessivo-compulsivo. No entanto, por seu efeito anti-inflamatório, foi escolhido como potencial tratamento contra a Covid-19 – que produz uma grande resposta inflamatória ao organismo.
A pesquisa foi iniciada em janeiro e registou a evolução clínica de 741 pacientes brasileiros que haviam testado positivo à doença, que não haviam sido imunizados e possuíam pelo menos um fator de risco em prol do agravamento dos sintomas da doença. A partir disso, foi ministrado 100 miligramas de fluvoxamina, duas vezes ao dia, por dez dias seguidos. O grupo controle – que ingeriu placebo -, por outro lado, contou com 756 pacientes.
A avaliação dos resultados foi realizada 28 dias depois. Entre os que tomaram a fluvoxamina, 79 pessoas foram internadas ou passaram mais de seis horas em observação; número que sobe para 119 entre os que tomaram o placebo.
Pesquisas anteriores a essa e de menor abrangência sobre o estudo já haviam mostrado resultados considerados promissores, mas com o novo estudo, é percebida a redução da necessidade de internação dos pacientes – em comparação aos que receberam o placebo. “Diante da segurança, tolerabilidade, facilidade de uso, baixo custo e acessibilidade da fluvoxamina, nossos achados podem ter influência importante nas diretrizes nacionais e internacionais para o manejo ideal da Covid-19”, afirma Gilmar Reis, da CardResearch, um dos investigadores principais.
No entanto, o cardiologista brasileiro e diretor da Academic Research Organization do Hospital Israelita Albert Einstein que foi convidado pelo The Lancet para escrever um editorial a respeito do estudo, Otavio Berwanger, relembra que alguns aspectos sobre o remédio e a doença ainda não foram esclarecidos com a pesquisa.
“O estudo não dá respostas conclusivas, por exemplo, se a fluvoxamina reduz o risco de morte ou se as conclusões seriam aplicáveis a casos mais leves”, diz. Outro ponto é se a medicação teria o mesmo impacto em pessoas vacinadas e que contraíram o vírus. “O trabalho é um passo importante, mas não é a palavra final sobre a ação do medicamento contra a Covid-19″, pontua.
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