Em discurso na ONU, Lula fala de urgência climática e combate a fome
24 setembro 2024 às 15h33
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abriu a 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, 24, em Nova York, nos Estados Unidos. Na abertura do discurso, o presidente cumprimentou a delegação palestina, presente pela primeira vez na sessão de abertura do evento.
Durante seu discurso, Lula citou o Pacto do Futuro, debatida na última assembleia, e destacou necessidade de mudanças na composição estrutural e decisória da Organização das Nações Unidas. “Testemunhamos alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas”, disse. Ele citou ainda que o ano de 2023 acumula o maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial e que “os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões”.
Assista ao discurso na íntegra:
Urgência climática
Ao abordar as questões climáticas, o presidente do Brasil citou os problemas com as queimadas enfrentadas pelo País nesse período de estiagem. “O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos”. Além da seca e queimadas, Lula também citou as enchentes no Sul e falou que o governo “não terceiriza a responsabilidade nem abdica de sua soberania”.
Ainda sobre as questões climáticas, o brasileiro garantiu que o País vai zerar o desmatamento até 2030 e defendeu que as populações indígenas e dos territórios afetados sejam ouvidas e façam parte das discussões sobre o clima. “Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia”.
Próximo País a sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), o presidente citou o multilateralismo e parceria entre as nações para superar a urgência climática. “Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio”, apontou.
Estado sustentável
Lula expôs a defesa da democracia ante “investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento” como forma de promover respostas à fome, desemprego e a violência. “No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas, tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado”.
O presidente disse ainda que nações desenvolvidas abandonaram uma “falsa oposição entre Estado e mercado” e voltaram a investir em políticas industriais ativas, além de uma forte regulação das economias dos Países. Lula aproveitou a oportunidade para anunciar a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada em novembro, no Rio de Janeiro. A iniciativa, segundo o presidente, será um dos principais legados da presidência brasileira do G20 e estará aberta a todos os países que queiram se somar ao esforço global para combater a fome.
Ele pontuou que as condições para acesso a recursos financeiros são proibitivas para os países de renda média e baixa e que o fardo da dívida limita o espaço fiscal para investimentos em saúde e educação que por objetivo reduzir desigualdades e enfrentar a mudança do clima. “Países da África tomam empréstimo a taxas até 8 vezes maiores do que a Alemanha e 4 vezes maior que os Estados Unidos”.
Biden defende reforma do Conselho de Segurança da ONU
O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, ressaltou o legado da sua gestão na governança da diplomacia internacional e defendeu a saída das trocas americanas do Afeganistão. “Cheguei à Presidência num momento de incerteza. O que fizemos foi nos colocar numa posição de olhar as ameaças, abordas os desafios e olhar as oportunidades também. Para o futuro, estive determinado em reconstruir as alianças e as parcerias do meu país para um nível inédito. E fizemos exatamente isso com alianças tradicionais e parcerias novas como o que envolve os EUA, Japão, Austrália e a Índia”, disse Biden.
Último discurso de Biden na Assembleia Geral da ONU, o político democrata defendeu que a Organização tenha novas “vozes e perspectivas”. “O Conselho de Segurança deve ter o trabalho de manter a paz, de acabar com guerras e sofrimentos”, comentou.
O presidente pediu ainda que países ocidentais mantenham o apoio financeiro e militar à Ucrânia para que o País consiga se defender contra a invasão russa. “Vamos sustentar esse apoio para que a Ucrânia garanta sua responsabilidade ou viraremos as costas para essa agressão e deixar que uma nação seja destruída. Eu sei minha resposta: não podemos fingir que não estamos vendo”.
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