Em depoimento, Marcelo Odebrecht confirma caixa 2 à campanha Dilma-Temer
02 março 2017 às 09h01
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Ex-presidente e herdeiro do grupo foi ouvido pelo TSE e confirmou que grande parte dos R$ 150 milhões doados forma irregulares
O ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou em depoimento na última quarta-feira (1/3) que grande parte — cerca de 4/5 — dos R$ 150 milhões destinados pela empresa à campanha eleitoral Dilma Rousseff/Michel Temer de 2014 eram originados de caixa 2.
Ele confirmou ter se encontrado com o presidente Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu durante tratativas para a eleição de 2014, mas negou ter negociado valores com o então vice-presidente.
Segundo relato, o valor de R$ 10 milhões doado ao PMDB tinha sido acertado anteriormente com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo Filho.
O executivo foi ouvido pela Justiça Eleitoral no âmbito da inquérito que investiga as contas da campanha vencedora. Em depoimento ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, Marcelo Odebrecht afirmou ainda que Dilma tinha dimensão dos pagamentos, também feitos por caixa 2, ao então marqueteiro do PT, João Santana.
Segundo o executivo, R$ 50 milhões dos R$ 150 destinados à campanha era contrapartida pela aprovação de uma Medida Provisória no Congresso em 2009, que beneficiou a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht que atua na área química e petroquímica.
Odebrecht é testemunha na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Além dele, devem ser ouvidos os ex-diretores de Relações Institucionais Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar, o ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva, e o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.
Esta deve uma das últimas etapas antes de o ministro Herman Benjamin apresentar seu relatório, já em fase final de preparação. A ação de investigação judicial eleitoral pode levar à cassação do presidente Michel Temer (PMDB) e à inelegibilidade da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Resposta
A ex-presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota na manhã desta quinta-feira (2/3) na qual refuta as alegações de que teria pedido recursos a Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois, durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014.
A ex-presidente reiterou mais uma vez que todas as doações feitas à campanha foram realizadas conforme a legislação eleitoral e considera as acusações um “insulto à sua honestidade”. “A insistência em impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos”, diz a nota.
o presidente Michel Temer (PMDB) ainda não se posicionou sobre o tema.