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No texto, deputado federal goiano critica governo federal e diz que arquivamento de denúncia contra presidente foi “extremamente pesado e vexatório”

Foto: Luis Macedo

Em nota endereçada ao “ninho tucano”, o deputado federal Fábio Sousa, do PSDB, pediu mais uma vez a saída definitiva do partido do governo do presidente Michel Temer (PMDB).

No texto, o parlamentar alega que o arquivamento da nova denúncia contra o presidente foi “extremamente pesado e vexatório” e pede que a legenda assuma um projeto próprio, liderado pelo nome escolhido para concorrer à presidência no ano que vem. Confira abaixo a carta na íntegra:

“Amigos, todos sabem da minha opinião sobre o governo Temer e o quanto considero um erro estarmos atrelados a ele. Compactuo com uma grande parte da bancada neste pensamento, mas sei e reconheço que há membros que pensam diferente.

Chegamos em novembro e as nossas diferenças só se acentuaram ainda mais. Me preocupa o fato de divergências políticas se tornarem pessoais. O que aconteceu na terça passada foi extremamente pesado e acredito vexatório, sem desmerecer motivos, até porque os considero e respeito.

Todos têm o direito à defesa e a presunção de inocência quando acusados, mas aos mesmos se espera que impeçam o partido de ser contaminado com seus momentos de turbulência judicial. Solidariedade, neste caso, exige reciprocidade. O partido o deve ser maior do que personalidades.

Reverenciando assim memórias de homens como Franco Montoro, Mário Covas e até FHC que não permitiram que dramas pessoais ou máculas, maculassem a todos, mas em grandeza, permitiram que suas conquistas forjassem nossa rica história.

Faço um apelo ao desarme de espírito e a construção de algo maior, que nos una e nos empolgue. Busquemos a unidade em prol de um projeto para o país. Não ao projeto do Temer. Não ao projeto do anti-Temer. O nosso projeto.

Não é difícil sentir que a população rejeita o governo. Mais fácil ainda é perceber o quão enojadas as pessoas estão com os graves enunciados de corrupção que constantemente são notícias. Devemos concentrar nossas forças, energias e intelecto na construção de um projeto que venha apresentar um governo sério, que atenda os anseios populares e que não compactue com a corrupção, pelo contrário, combata-a com todas as forças.

O autor do Salmos 36 ensina que a arrogância impede que percebamos e até mesmo rejeitemos o erro. Não façamos isso, rejeitemos sim a arrogância e corrijamos os erros.

É preciso que o candidato à Presidência da República do partido se assuma e assuma a liderança do processo. E que junto com o presidente do partido a ser escolhido, venha inserir em nossa militância esses ideais.

Ideias e ideais que podem alavancar a nossa economia e o nosso desenvolvimento social, um estado mínimo necessário, incentivando o empreendedorismo e que de forma enérgica busque soluções para os graves problemas de segurança pública que o Brasil passa de norte a sul.

É preciso abrir mão das vaidades pessoais, dos “achismos” desnecessários, não apenas em nome partidário, mas principalmente em nome de um país que espera e necessita que um grupo de homens e mulheres de bem apresentem um projeto de desenvolvimento nacional e que sejam capaz de desenvolvê-lo. Ou como ensinou Salazar; “pode-se fazer política com o coração, mas só se pode governar com a cabeça”.

Não há agrupamento igual ao nosso para tamanho desafio. Homens e mulheres preparados para tal. Mas que o tempo atual exige que se distingam da forma de fazer política dominante.

O povo brasileiro não quer e não aceita mais essa forma de fazer política. Quer algo novo, não necessariamente pessoas novas, mas certamente pessoas que se disponham a fazer política como servidores públicos honrados, probos, destemidos e preparados.

Que nos apresentemos assim, antes que seja tarde demais. Nas palavras de Martin Luther King, apelo que todos reflitam: “Hoje é sempre o dia certo, de fazer as coisas certas, da maneira certa. Depois será tarde”.