Em 2023, o Brasil registrou uma queda de 12% nas emissões de gases de efeito estufa, alcançando a maior redução desde 2009. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (7) pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), indicam que o total de emissões do país caiu de 2,6 bilhões de toneladas em 2022 para 2,3 bilhões de toneladas. Essa diminuição reflete uma mudança importante no perfil das emissões brasileiras, com destaque para a diminuição do desmatamento na Amazônia.

A principal responsável pela redução foi a queda de 30% no desmatamento da Amazônia, como apontado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em dados recentes. Esse recuo no desmatamento é considerado um reflexo de políticas implementadas pelo governo atual, que vêm invertendo a trajetória de aumento das taxas de desmatamento observada no governo anterior. A diminuição na perda de vegetação nativa gerou um impacto direto na redução das emissões, dado que as mudanças no uso da terra são a maior fonte de gases de efeito estufa no país.

Apesar dessa queda na Amazônia, outros biomas brasileiros registraram aumentos nas emissões de gases estufa. O Pantanal, por exemplo, viu suas emissões subirem 86%, enquanto o Cerrado e a Caatinga tiveram aumentos de 23% e 11%, respectivamente. Já a Mata Atlântica apresentou uma elevação mais moderada de 4%. Embora o Pampa tenha registrado uma redução de 15%, esse bioma contribui com uma parcela muito pequena para o total de emissões, representando apenas 1% do total.

Em termos de fontes das emissões, as mudanças no uso da terra continuam a ser a principal responsável, representando 46% das emissões totais em 2023. Esse segmento inclui o desmatamento, a conversão de terras para a agricultura e a urbanização. Embora o setor de mudanças no uso da terra tenha apresentado uma redução de 24% nas emissões em comparação com 2022, a agropecuária, que é responsável por 28% do total das emissões, viu um aumento de 2,2%. A ampliação do rebanho bovino, o uso crescente de fertilizantes e o manejo de resíduos agrícolas contribuíram para esse aumento.

A análise do SEEG revela que, quando combinadas as emissões de desmatamento, mudanças no uso da terra e a agropecuária, essas atividades juntas são responsáveis por 74% das emissões totais do país. Já o setor energético, que contribui com 18% das emissões, teve um aumento modesto de 1,1%. O consumo de biodiesel foi apontado como um fator importante que ajudou a conter as emissões no setor de transportes, que teve um recorde histórico de consumo de combustíveis renováveis.

Esse desempenho no ano passado coloca o Brasil em uma trajetória mais favorável para o cumprimento das suas metas climáticas para 2025. De acordo com o SEEG, a redução nas emissões de 2023 aproxima o país do objetivo de diminuir suas emissões em 37% até 2025, em relação aos níveis de 2005. No entanto, o Observatório do Clima alerta que, para cumprir essas metas, é essencial que o Brasil mantenha o ritmo de redução do desmatamento na Amazônia e amplie seus esforços para combater a devastação nos demais biomas, como o Cerrado e a Caatinga.

Com 3,1% das emissões globais, o Brasil segue sendo o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás de China, EUA, Índia e Rússia. A grande dependência do país das mudanças no uso da terra e da agropecuária para suas emissões exige uma mudança estrutural nas políticas públicas, caso o Brasil queira cumprir seus compromissos internacionais e reduzir sua pegada de carbono de forma substancial nos próximos anos.

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Redução do desmatamento no Cerrado é registrado pela primeira vez em cinco anos;