Economia do Brasil deve crescer 3% em 2024, projeta mercado financeiro
23 setembro 2024 às 14h49
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O mercado financeiro elevou a previsão de crescimento da economia brasileira em 2024. A nova estimativa do Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central (BC), estima que a economia cresça 3%, ante 2,96 da estimativa anterior. O boletim leva em conta os principais indicadores econômicos do país.
A revisão para cima ocorre após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano. O PIB surpreendeu o mercado e subiu 1,4% em comparação com o primeiro trimestre. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com o segundo trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%.
Até o momento, a projeção do PIB de 2026 e 2027 se mantém em 2% de crescimento. Em 2023, a economia do Brasil cresceu 2,9% e atingiu o valor de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a economia cresceu 3%.
O mercado financeiro também prevê que o dólar caia até o fim deste ano. No momento, a moeda está cotada em R$ 5,40, a expectativa é que a cotação caia para R$ 5,35.
Inflação
A previsão do boletim para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, também cresceu, passando de 4,35% para 4,37%. Já para 2025, a previsão é de 3,9%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,62% e 3,5%, respectivamente.
Neste ano, a previsão está acima da meta de inflação, mas dentro da tolerância, que deve ser perseguida pelo Banco Central. A meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para este ano, a expectativa era de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo. O limite é de 4,5%;
A partir do ano que vem, o sistema de meta contínua entrará em vingor e, com isso, o Conselho Monetário não precisará mais definir meta para cada ano. O colegiado fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Agosto teve deflação, puxada pelas quedas dos preços em alimentos e despesas com habitação. A deflação foi de 0,02% no Brasil, após o IPCA ter registrado inflação de 0,38% em julho. De acordo com o IBGE, em 12 meses, o IPCA acumula 4,24%.
Selic
Entre os principais instrumentos utilizados pelo BC para alcançar a meta de inflação é a taxa básica de juros, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a Selic em 10,75% ao ano. A taxa foi elevada por conta da alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação. Foi a primeira elevação dos juros em mais de dois anos.
A última alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando houve elevação de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano no nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. O Copom manteve a taxa em 10,5% nas reuniões de junho e julho deste ano.
Agora, o Comitê deve se reunir novamente em 5 e 6 de novembro, quando os analistas deve elevar a taxa. Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 11,5% ao ano. Já para o fim de 2025, a estimativa é que a Selic caia para 10,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida, novamente, para 9,5% ao ano e 9% ao ano, respectivamente.
A taxa básica de juros tem a finalidade de conter a demanda aquecida. Isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, bancos consideram o risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia para cobrar juros.
Com a redução da Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo a produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.