Goianas que aderiram ao isolamento social contam como farão uso da ferramenta para demonstrarem amor pelas mães nesta data

Opção de videochamada terá grande adesão durante Dia das Mães | Foto: iStock

Uma das datas mais comemoradas, o Dia das Mães não será convencional neste ano de pandemia. Embora algumas pessoas tenham ignorado as orientações de afastamento social, muitas outras priorizam a saúde do próximo, especialmente dos mais idosos, e devem passar a data especial longe das mães. A boa notícia é: com as ferramentas tecnológicas que temos atualmente, a distância pode ser reduzida em um clique. Podemos ver, ouvir e escrever a quem amamos com muito mais facilidade, rapidez e menos gastos que há alguns anos.

A videochamada é uma das maneiras mais encontradas para nos aproximarmos dos amigos e familiares durante este período de quarentena e será o método que Karhen Portilho irá usar para se fazer presente no Dia das Mães. Atualmente residente na França, Karhen está de quarentena por lá, enquanto a mãe, Leila, está em isolamento social no interior de Goiás.

“Não é a primeira vez que passamos longe, porque minha mãe mora no interior de Goiás e não pude ir uma vez por morar em Goiânia. Mas é a primeira vez que passo tão longe e, também por conta de uma quarentena, nem meu irmão vai poder visitar minha mãe. Então é uma situação bem particular. É triste, porque a gente queria estar com ela”, comentou a estudante.

Ela conta que por estar tão distante, não conseguiria retornar ao Brasil para estar com a mãe, mas que o irmão estaria, caso não estivesse também em isolamento. “Vou tentar me fazer presente por vídeo, mesmo que não seja a mesma coisa, mas eu sinto que isso é por algo maior. Não dá pra gente colocar muito sentimento enquanto tem gente morrendo. Não posso falar para o meu irmão ir lá ficar com ela, que ‘ela precisa de você e tal’, porque a quarentena é necessária”, disse.

“A gente vai fazer videochamada. É um dos meios que eu mais me comunico depois que eu mudei, então a gente vai sim tentar ficar juntas a maior parte do tempo, que eu acho importante. Quero fazer ela se sentir amada”, falou. Embora a videochamada já fosse possível há décadas atrás, mesmo antes dos smartphones, por meio de programas de computador, hoje em dia a ferramente altamente acessível e a custo bem mais baixo, já que grande parte da população tem acesso à internet de tecnologias banda larga.

Relações sociais

Para Karhen, o trabalho em coletividade que tem sido feito para achatar a curva e reduzir a aceleração do vírus pode tornar as pessoas empáticas. “A gente não espera uma pandemia. A forma como o sistema de saúde tem que agir, a forma como as pessoas tem que pensar em trabalhar em coletividade para que o vírus diminua, mas que algumas pessoas se esforçam mais que outras que o vírus diminua. Enquanto você está em casa, você vê gente saindo e que não está nem aí. Mas acho que isso pode mudar um pouco sim as relações sociais, porque a maioria tem se importado com a questão do vírus e tem tentado contribuir no coletivo”, argumentou.

“Não sei se a pandemia vai afastar ou aproximar as pessoas, mas sei que vamos dar mais valor no ir e vim, na presença no cotidiano. É muito difícil para quem está de quarentena não poder ver as pessoas, ter o livre arbítrio de escolher se eu vou sair ou não, de não poder sentar em uma messa de bar depois de uma semana inteira de trabalho. Ainda que eu tenha privilégio de ter casa, comida e cama, é claro que o coração aperta de não estar com quem a gente ama”, opinou a estudante.

Para Natalia Lino, que também vai passar o Dia das Mães longe da mãe, outros pontos das relações sociais devem mudar. “Eu penso as relações passarão por mudanças. Quando tudo isso acabar, algumas empresas adotarão o home office e isso mudará as relações sociais de trabalho. Hoje, geralmente trabalhamos oito horas em um escritório, junto com outras pessoas. Essa convivência nos faz criar vínculos. Penso que isso será perdido com a adoção dessa nova forma de trabalho”, avaliou.

“Entre amigos e familiares, penso que a tendência é valorizarmos mais o contato pessoal do que o virtual. Eu sou uma pessoa muito social. Gosto de gente, gosto de conexões. Então, na verdade, espero muito que as pessoas enalteçam os encontros para uma cervejinha e um churrasquinho”, comentou Natalia.

Ela conta que não é a primeira vez que passa a data longe da mãe, pois já esteve em uma viagem durante a comemoração. No entanto, Nalalia ressalta que a situação neste ano é atípica. “Nunca fiquei tantos dias longe dela, sem poder abraçar e beijar. E, desde que todos os filhos saíram da casa dela, ela tem se sentido sozinha. O fato de ela não poder ter contato direto com o único neto é ainda mais triste. Então toda essa situação potencializa esse vazio e essa solidão que ela tem sentido.”

Criatividade

As chamadas de vídeo também são a alternativa usada pela família de Natalia nesse período de quarentena para evitar a propagação da Covid-19. “Atualmente, estamos nos comunicando por chamadas em vídeo. Junta todos os filhos e fazemos chamadas em grupo. Para o dia das mães, estamos organizando um café da manhã para ela. Nossa ideia é montar uma cesta e fazer uma homenagem lá na portaria do prédio dela. Vamos seguir todas as recomendações da OMS. Vamos manter a distância de 2 metros de cada, higienizar todo o material, usar máscaras. Sabemos que não será fácil não poder dar um abraço, mas a intenção é apenas amenizar essa ausência que ela tem reclamado. Mas é surpresa”, contou.