Droga sintética ‘G’ se espalha na Zona Sul do Rio de Janeiro

05 fevereiro 2021 às 12h23

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Entre as drogas apreendidas em apartamento da Zona Sul do Rio de Janeiro, estão dois litros de ácido gama-hidroxibutirato, conhecido como “G”, “Di” ou “GHB”

Dois litros de ácido gama-hidroxibutirato foram apreendidos em um apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira, dia 4. A substância é utilizada como droga de abuso desde a década de 90, mas tem se tornado mais popular nos últimos anos. Conhecida popularmente como “G”, “Di” (em referência à pronúncia em letra em inglês), “GHB” e outros, a droga é tomada por via oral, geralmente na forma líquida, e causa sensações de relaxamento e de tranquilidade. Pode provocar também fadiga e sensação de falta de inibição.
O ácido gama-hidroxibutirato foi sintetizado pela primeira vez ainda no século XIX, pelo químico russo Alexander Zaytsev. De funcionamento análogo ao do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), o composto passou a ser investigado como anestésico nos anos 1960. Porém, devido aos seus efeitos colaterais (contrações musculares involuntárias, delírio, tontura, perda da coordenação, náusea, vômitos e até morte), foi abandonado como anestésico.
Por causar diminuição do nível de consciência, depressão respiratória e convulsões, o ácido gama-hidroxibutirato foi utilizado, no início dos anos 90, nos golpes de “Boa noite, Cinderela”. O GHB é uma substância banida pelo FDA (United States Food and Drug Administration, espécie de Anvisa americana), mas continua sendo utilizada para tratamento de distúrbio do sono e epilepsia.
De acordo com a investigação da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), cada dose de 5ml da droga chega a ser vendida por R$ 50. No caso dessa quadrilha, o entorpecente era negociado por meio de aplicativos de mensagens no celular e entregue na casa dos clientes, em bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon, de carro. “Os criminosos misturam a substância com etanol e a vendem já preparada para uso. Com conta-gotas, as pessoas misturam em bebidas em uma garrafa plástica e inalam discretamente, sem ninguém imaginar o que tem ali”, explica o delegado Gustavo Castro, titular da DCOD e responsável pelo inquérito.
Na operação dsta quinta-feira, foram apreendidos ainda 375 comprimidos de ecastasy, 250g de cocaína pura, 31 papelotes da droga, 16 caixas de cetamina, embalagens para a venda das drogas e máquinas de cartão. Três homens foram presos: Brito Montano, que cedia o imóvel para armazenagem do material; José Vandi, taxista; e Francisco Rodrigo Gomes Lira, que entregava as encomendas aos usuários. Eles foram autuados por tráfico e associação para o tráfico de drogas. A polícia estima que os suspeitos lucravam R$ 200 mil com o esquema criminoso.