Prefeito de São Paulo defendeu medida e afirmou que está adotando um programa que é bom e positivo, sem pressa e sem afobação

Doria em coletiva após palestra em Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O prefeito de São Paulo, João Doria, acusou partidos de esquerda de se utilizarem de viés ideológico na discussão sobre a farinata. “Vamos tirar aspectos ideológicos que este tema acabou tendo na cidade de São Paulo, com manifestações do PT, do PSOL, dos partidos de esquerda, que aliás muito curiosamente, porque, quando o PT fez o Fome Zero, durante os dois anos do primeiro governo Lula, nada fez, consumiu milhões de reais e não implantou o Fome Zero”, disse em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19/10) após palestra para empresários em Goiânia.

A farinata é uma farinha obtida a partir de alimentos que estejam próximos da data de vencimento e que serão descartados. O produto foi elaborado pela organização sem fins lucrativos Sinergia.

[relacionadas artigos=”107801″]

“Estamos adotando um programa que é bom, que é postitivo, sem pressa, sem afobação, sem viés ideológico. Talvez não até o final do ano, um pouco mais de tempo. A fome tem pressa. temos que ter pressa. Volto a dizer a fala do cardeal de São Paulo, ´fome não tem partido, fome não pode ser tratada como questão ideológica e partidária'”, afirmou.

Segundo ele, o “programa de alimentação solidária foi apresentado para a prefeitura de São Paulo”. “Foi desenvolvido por uma ONG, apresentado à curia metropolitana, que nos ofereceu a alternativa, que foi transformado em um projeto de lei, que nasceu na Câmara Municipal, não foi um projeto do Executivo. Coube a mim apenas sancionar. E gradualmente verificar a implantação”, justificou.

O prefeito disse ainda que a “prioridade em São Paulo é a população desfavorecida, em situação de rua, e aqueles que precisam de alimentação adequada”, dizendo que onde puder haver complementação, a farinata será utilizada.

Merenda

Na última quarta-feira (18/10), Doria afirmou que pretende incorporar a farinata na merenda escolar dos alunos da rede municipal, o que aumentou a polêmica em torno da ação.

Doria anunciou ainda que usaria o produto no Programa Alimento para Todos, que prevê a distribuição do composto para a população carente da cidade. O uso da farinata gerou polêmica apôs o prefeito mostrar um biscoito em forma de bolinhas que foi chamado de ração nas redes sociais.

“Na prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Educação já foi autorizada a utilizar o alimento solidário de forma complementar na merenda escolar, com todas as suas características de proteínas, vitaminas, sais minerais, para a complementação dessa merenda já com início em outubro”, disse Doria.

Entretanto, o prefeito não soube informar quais serão os compostos introduzidos na merenda.

Apoio

O arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, defendeu o uso da farinata em virtude do grande número de pessoas que passam fome na cidade de São Paulo. De acordo com o cardeal, três questões que interessam à igreja serão sanadas com a distribuição da farinata: o escândalo da fome, o desperdício de alimentos, o ônus ambiental causado por esse desperdício.

“A possibilidade de fazer algo para que isso não aconteça [a existência de pessoas com fome] nos levou a apoiar a iniciativa que pretende levar alimento de forma segura e gratuita para quem não tem. O projeto de lei que foi elaborado para permitir a distribuição da farinata foi feito há quatro anos. O assunto foi introduzido no Congresso Nacional, já tramitou na Câmara dos Deputados e está no Senado Federal. Com essa farinha se fazem muitas coisas, não é alimento granulado como se tem dito”, afirmou dom Odilo. (Com Agência Brasil)