Dois acidentes de barco ocorridos nesta semana na província de Equateur, na República Democrática do Congo, deixaram ao menos 193 mortos e dezenas de desaparecidos. As tragédias, registradas em dias consecutivos e a cerca de 150 quilômetros de distância uma da outra, expuseram mais uma vez as fragilidades do transporte fluvial no país.

O primeiro acidente aconteceu na quarta-feira, 10, quando um barco motorizado virou no território de Basankusu, matando pelo menos 86 pessoas, a maioria estudantes, segundo autoridades locais. A mídia estatal atribuiu a tragédia ao “carregamento inadequado e à navegação noturna”, enquanto comunidades da região culparam o governo pela precariedade do transporte. As equipes de resgate, que ainda trabalhavam até a noite de sexta-feira, 12, não divulgaram o número exato de desaparecidos.

Na quinta-feira, 11, outro barco, com quase 500 passageiros, pegou fogo e virou durante a noite no Rio Congo, no território de Lukolela. De acordo com o Ministério de Assuntos Humanitários da RDC, ao menos 107 pessoas morreram e 209 foram resgatadas com vida. Já um memorando do Ministério de Assuntos Sociais, citado pela agência Reuters, aponta que 146 passageiros continuam desaparecidos.

As operações de busca e resgate contaram com o apoio da marinha congolesa e de voluntários das comunidades ribeirinhas. O governo prometeu assistência médica aos feridos, auxílio às famílias das vítimas e repatriamento dos sobreviventes aos seus locais de origem.

No Congo, o transporte fluvial é vital para conectar as extensas áreas de floresta tropical. Embarcações antigas de madeira, frequentemente mal conservadas e sobrecarregadas, são o principal meio de deslocamento. A falta de coletes salva-vidas, a prática comum de viajar à noite e a dificuldade de acesso às regiões mais remotas tornam os acidentes ainda mais frequentes e as operações de resgate mais complexas.

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