Dívida da prefeitura de Goiânia com TransMed chega a R$4,5 milhões e compromete atendimento domiciliar
01 novembro 2024 às 09h21
COMPARTILHAR
A dívida acumulada da Prefeitura de Goiânia com a empresa TransMed, que presta serviços de assistência domiciliar (home care) à Secretaria Municipal de Saúde, alcançou R$ 4,5 milhões no mês de outubro. Segundo Rodrigo Cleto, diretor técnico da TransMed, o montante deve-se ao atraso de faturas, que continuam sem previsão concreta de pagamento, prejudicando a continuidade e a qualidade do atendimento aos pacientes.
Cleto informou que, dois dias antes, foi feito um contato com o subsecretário de saúde, Quesede Henrique, que prometeu uma quitação parcial da dívida para a próxima semana. No entanto, até o momento, o valor segue pendente, sem nenhuma confirmação oficial. “Com o final do mês agora, se gera mais uma fatura, a dívida já vai para R$ 4,5 milhões de atraso”, ressaltou Cleto.
Apesar dos atrasos, a TransMed mantém os equipamentos nas residências dos pacientes, o que inclui respiradores, camas hospitalares e monitores. O diretor afirmou que os atendimentos críticos seguem funcionando, especialmente para aqueles que necessitam de assistência médica e de enfermagem contínua. Entre os pacientes, está uma menina de 13 anos com uma síndrome rara, que necessita de suporte intensivo em domicílio, com auxílio de aparelhos para manter sua condição estável. Contudo, alguns serviços foram reduzidos, como fisioterapia e fonoaudiologia, que deixaram de ser oferecidos a parte dos pacientes.
A assistência domiciliar oferecida pela TransMed é fundamentada em dois pilares principais: humanização e redução de custos. De acordo com Cleto, o home care proporciona a recuperação dos pacientes em ambiente familiar, o que reduz o custo de internação em até 50%, comparado ao atendimento em leitos de UTI hospitalares. Ele ainda destacou a importância desse modelo para a sustentabilidade do sistema de saúde: “Se conseguíssemos implementar a assistência domiciliar de forma mais efetiva, teríamos uma economia substancial, permitindo a criação de 50 a 100 leitos adicionais dentro do município de Goiânia”.
Atualmente, a TransMed atende cerca de 26 a 28 pacientes em Goiânia, incluindo crianças e adultos em processo de desospitalização. Um novo caso de desospitalização foi aprovado pela Secretaria de Saúde, mas ainda não foi efetivado devido às dificuldades financeiras geradas pela dívida acumulada com a prefeitura. Este impasse aumenta a preocupação com a viabilidade da continuidade do serviço nos moldes atuais.
A assistência domiciliar tem se consolidado como uma alternativa estratégica na saúde suplementar, descentralizando o atendimento dos hospitais e promovendo a recuperação em ambiente familiar. Além de reduzir custos, o home care diminui a pressão sobre hospitais e reduz o risco de infecções hospitalares, comuns em longos períodos de internação. No caso dos pacientes atendidos pela TransMed, esses benefícios são comprometidos pela dívida acumulada.
Rodrigo Cleto também destacou que a prática de home care já é amplamente adotada em países desenvolvidos, onde se tornou um pilar no tratamento de pacientes críticos. Ele reiterou que a descentralização do atendimento e o foco na personalização e humanização fazem do home care uma solução eficaz e financeiramente sustentável para o setor público, além de proporcionar uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Diante do cenário atual, o futuro do serviço ainda depende da regularização dos pagamentos. A TransMed, que realiza suporte essencial a pacientes e familiares, aguarda que a Secretaria Municipal de Saúde viabilize ao menos parte dos pagamentos em atraso, visando garantir a continuidade e a qualidade do atendimento dos pacientes que dependem desse serviço em Goiânia.
A prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde declarou que os novos repasses serão feitos para a empresa até o final da próxima semana.
Leia também Prefeitura de Goiânia é notificada por dívida de R$ 3 milhões e 26 pacientes de home care podem ficar sem atendimento;