Afastado da Departamento de Alimentação Educacional da SME, Wesley Batista da Silva disse que problemas são pontuais e que ladrões agem aos fins de semana

Wesley Batista, diretor afastado do Dale, em depoimento à CCJ | Foto: Divulgação
Wesley Batista, diretor afastado do Dale, em depoimento à CCJ | Foto: Divulgação

O ex-diretor do Departamento de Alimentação Educacional (Dale) da Secretaria Municipal de Educação (SME), Wesley Batista da Silva prestou esclarecimentos sobre a distribuição da merenda escolar de Goiânia, alvo de denúncias na Câmara de Vereadores, nesta quarta-feira (8).

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À Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) Wesley culpou as merendeiras que estariam dando nomes diferentes aos alimentos. A Controladoria-Geral do Município (CGM) e o “pessoal” do Departamento  de Licitação também foram citados. Segundo ele, pela falta de fiscalização sobre o destino do lanche e pelo preço acertado com os fornecedores.

O servidor afastado do cargo disse desconhecer contratos firmados, pois são assinados no setor jurídico e que não se sentia responsável por fiscalizar o processo de compra, venda e entrega dos produtos que compõem a alimentação de centenas de crianças da capital. Ele chegou a afirmar que o problema é pontual em alguns pontos de ensino, sugerindo que itens são roubados por meliantes que agem na vizinhança durante o fim de semana. Wesley estava acompanhado de seu advogado e recusou-se a falar com a imprensa.

Ele ressaltou que existe estoque regulador, geralmente de produtos perecíveis, que ficam armazenados com os fornecedores, na forma de fiel depositário, como garantia de que vão entregar as mercadorias. “Este fornecedor é quem faz a entrega e a secretaria controla as requisições”, explicou, garantindo que a entrega era efetuada, o que irritou aos parlamentares. Goiânia tem 360 instituições educacionais que, juntas, atendem a mais de 130 mil alunos.

Wesley e mais quatro servidores são alvos de processo administrativo aberto por comissão que investiga possíveis desvios da merenda. As denúncias sobre supostas irregularidades foram divulgadas pelo Jornal Opção Online em maio.

Contabilidade difícil

Aos integrantes da CCJ, Wesley também disse que considerava difícil fazer balanços comparativos de compra, entrega e distribuição entre os relatórios do Dale e os das escolas e CMEIs. “Pois as informações não batiam”, resumiu.

Ele não soube explicar, por exemplo, como a prefeitura entregou às escolas apenas 5% do previsto para bolo de baunilha, peta e pão mandi, durante oito meses. O rombo seria de quase R$ 3 milhões. O ex-diretor informou que, neste caso, as notas fiscais foram liquidadas em dois meses, pois já haviam passado pela Divisão de Controle e pelo Dale, sendo entregues posteriormente. Wesley relatou que os produtos eram entregues antes de serem comprados. “Era normal entregar sem fazer processo licitatório.”

No caso do pão de milho, o servidor disse que uma nota fiscal de R$ 901 mil foi paga à vista à Polly Pão Ltda. Porém, o produto não chegou às escolas e não consta em recente relatório entregue pela prefeitura.

Vereadores defendem prefeito

Dois vereadores defenderam no plenário da Câmara Municipal de Goiânia, na sessão desta quarta-feira, que o prefeito Paulo Garcia (PT) não tem envolvimento com os supostos desvios na merenda escolar da capital.

O primeiro a falar foi Djalma Araújo (SD), da oposição. “Eu acredito na não participação dele”, afirmou. O vereador defende a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as denúncias. Até o momento, não conseguiu assinatura o suficiente para instalação: de 12, conseguiu apenas quatro.

Tatiana Lemos (PC do B) usou a tribuna para corroborar o colega. “Eu também acredito que o prefeito não está envolvido. Mas ele precisa apoiar a criação dessa CEI, pois tem gente na prefeitura que está envolvida”, disse.

Auditoria

Ainda nesta manhã, a Controladoria-Geral do Município (CGM) iniciou auditoria nas 360 instituições educacionais da capital. Segundo a Prefeitura de Goiânia, o objetivo é evitar práticas de irregularidades. A ação foi determinada diretamente por Paulo Garcia.

A gerência de educação alimentar também passa por auditoria. O setor é responsável por controlar pedidos de compra, elaboração de cardápios, fiscalização, acompanhamento, orientação e avaliação da Política Municipal de Alimentação. A previsão é que a operação seja concluída em dois meses.