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Ao discursar nas Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff sinalizou a intenção de usar o combate à corrupção com maior frequência, na propaganda eleitoral, numa forma de autodefesa contra as de­nún­­cias que surgem em coincidência com a campanha pela re­eleição. O pronunciamento, na quarta-feira, incluiu três vezes a palavra corrupção co­mo marca de empenho nu­ma nova atitude de governo.

Anunciou que sua gestão trava “combate sem tréguas à corrupção”. Em seguida pe­gou o mote e ensinou aos representantes de 120 países, reunidos na ONU, como se faz o combate:

— A história mostra que só existe uma maneira correta e eficiente de combater a corrupção: o fim da impunidade com o fortalecimento das instituições que fiscalizam, investigam e punem atos de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.

A fala da candidata coincidiu com o fim da negociação entre o Ministério Público e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, pela adesão dele à delação premiada, como aconteceu com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petro­brás. Os primeiros depoimentos de Youssef mencionaram a participação de políticos em escândalos na petroleira.

Agora é esperar o vazamento de confissões do doleiro, que se juntarão às de Costa. Aí, o risco à reeleição de Dilma, que preventivamente incluiu na agenda eleitoral o tema corrupção como se a ação da Polícia Federal fosse uma obra do governo. Não foi bem assim. O Planalto trabalha para travar vazamentos, especialmente agora na temporada de eleições.

Há uma reação na PF contra a manipulação eleitoral do governo sobre as ações policiais. Entre os militares, se o pessoal da ativa deve se calar, os aposentados falam pela corporação sem esconder o rosto. O fato começou a se repetir entre policiais. Na quinta-feira, 25, o delegado aposentado Jorge Barbosa Pontes iniciou o processo com a publicação de um artigo em jornal.