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Medidas anunciadas também incluem aumento da licença-paternidade para funcionários públicos e ampliação do programa Minha Casa Minha Vida

01/05/2016- São Paulo- SP, Brasil- A presidente Dilma Rousseff participa de evento do Dia do Trabalhador, no Vale do Anhangabaú. Foto: Roberto Parizotti/ CUT
01/05/2016- São Paulo- SP, Brasil- A presidente Dilma Rousseff participa de evento do Dia do Trabalhador, no Vale do Anhangabaú. Foto: Roberto Parizotti/ CUT

A presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou neste domingo (1º/5), em ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o reajuste de 9% para os beneficiários do Programa Bolsa Família – o aumento entrará em vigor ainda em 2016.

Dilma Rousseff anunciou também correção de 5% da tabela do Imposto de Renda para o próximo ano; a contratação de, no mínimo, 25 mil moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida e a extensão da licença-paternidade de cinco para 20 dias aos funcionários públicos federais.

“Quero lembrar que essa proposta [de reajuste do programa Bolsa Família] não nasceu hoje. Elas estavam previstas quando enviamos o Orçamento em agosto de 2015 para o Congresso. Essa proposta foi aprovada pelo Congresso. Diante do quadro atual, tomamos medidas que garantam a receita para este ano e viabilizar tudo isso sem comprometer o cenário fiscal”, disse a presidente Dilma.

Bolsa Família

Para este ano, o Bolsa Família tem R$ 28,11 bilhões. O montante é superior aos R$ 26,41 bilhões gastos em 2015. Durante as discussões do Orçamento deste ano, a Comissão Mista de Orçamento tentou cortar R$ 10 bilhões do Bolsa Família, alegando que o atendimento aos atuais beneficiários não seria prejudicado, mas o governo negociou para reverter a proposta.

Contra o impeachment

Segundo a CUT, o ato reúne mais de 60 entidades que formam as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. As centrais sindicais realizam o ato “em defesa da democracia, contra o golpe e contra a retirada de direitos”, no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, e prometem intensificar o protesto, seja a aceita no Senado a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Durante o evento o presidente nacional do PT, Rui Falcão, destacou a união da esquerda contra o impeachment da presidente Dilma. “Acho que o mais importante é manter todos esses grupos e todas essas entidades que tem resistido ao golpe. É fundamental neste momento manter essa unidade para continuar combatendo o golpe. Temos a votação no Senado e, independentemente desse resultado, não vamos reconhecer a legitimidade de um governo que tenta assumir sem o voto popular. Isso não é só um atentado à democracia. É uma regressão social, política e cultural porque pela pauta apresentada por quem pretende sentar na cadeira antes da hora, são privatizações em série, mudanças no regime de aposentadoria, um ataque à Petrobras”.

Falcão reconhece ser difícil reverter a admissibilidade do impeachment de Dilma no Senado. “Para que não tenhamos ilusões: é muito difícil impedir a admissibilidade, ou seja, uma maioria simples que afaste a presidenta por 180 dias. Mas é muito possível que, ao longo desses meses de afastamento, se ocorrer, que possamos ter 28 votos e evitar o golpe definitivo. Para isso, precisamos continuar com as mobilizações”, disse o presidente nacional do PT.

Para o presidente da CUT, Vágner Freitas, “a maioria [das pessoas] sabe que o impeachment não resolve o problema. A maioria não quer o Temer. A maioria acredita que vá aprofundar a crise política. E é isso que estamos tentando demonstrar para os senadores, com o povo nas ruas, organizado. Eles [senadores] vão perceber que, se eles votarem, eles vão ter prejuízos porque o povo vai lembrar de quem ajudou a trair o povo”, acrescentou.

Edson Carneiro “Índio”, secretário-geral da Intersindical, defende que a cobrança continue mesmo se o processo for aprovado pelos senadores. “Na nossa opinião, [é preciso] fazer luta, fazer greve, um dia nacional de paralisações para afetar a produção. Vamos mostrar para os orquestradores do golpe que não haverá paz. Não adianta achar que basta fazer um golpe e destituir a presidente que está tudo resolvido”, disse. “A Intersindical não faz parte da base de apoio ao governo. Temos muitas críticas ao governo. Mas uma coisa é não apoiar o governo. Outra coisa é fechar os olhos para o que está acontecendo no nosso país”, ressaltou.