Data tem o objetivo de chamar atenção e prevenir agressão

Desde 2006, o dia 15 de junho é celebrado como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. Os números de violência contra idosos crescem a cada ano. No Brasil, entre 2019 e 2020, as denúncias passaram de 48,5 mil para cerca de 77 mil. Em Goiás, houve 1.049 denúncias em 2021 e, até o dia 3 de junho de 2022, Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI) de Goiânia já registrou 450 casos.

No Estado há duas delegacias especializadas no atendimento às vítimas com mais de 60 anos, uma na capital, Goiânia, e outra em Anápolis. As unidades vinculadas à Polícia Civil estimam que, desde o início da pandemia da Covid-19, os crimes cresceram cerca de 70% em Goiás. Em 2020, o secretário geral da ONU comentou sobre o aumento desse tipo de violência relacionando com a pandemia. “A pandemia do COVID-19 está causando medo e sofrimento incalculáveis ​​para as pessoas idosas em todo o mundo. Além de seu impacto imediato na saúde, a pandemia está colocando as pessoas mais velhas em maior risco de pobreza, discriminação e isolamento. É provável que tenha um impacto particularmente devastador sobre as pessoas idosas nos países em desenvolvimento. Os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos os outros. As decisões difíceis em torno dos cuidados médicos que salvam vidas devem respeitar os direitos humanos e a dignidade de todos”, disse.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a violência contra o idoso pode ser definida como “ato único ou repetido, ou falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento onde exista uma expectativa de confiança, que cause danos ou sofrimento a uma pessoa idosa”. Dentre todos os tipos, a mais comum é a negligência, ou seja, quando os responsáveis pelos cuidados com os idosos deixam de oferecer higiene, saúde, medicamentos e um lar adequado. Depois, vem o abandono, quando os familiares se ausentam na prestação de socorro. Há também as violências física, emocional e financeira. A física é quando é usada a força contra os idosos, causando-lhes dor. A emocional está relacionada a comportamentos que prejudiquem o seu bem-estar, com xingamentos, manipulação ou constrangimentos. E a financeira é a exploração dos seus recursos financeiros ou patrimoniais.

O bacharel em Direito e especialista em Gerontologia e Geriatria, Ricardo Quirino, destaca que a violência contra os sexagenários tem características peculiares e, em sua maioria, é praticada por pessoas próximas a eles, sendo os filhos os principais agressores. “Mais do que simplesmente identificar o agressor e judicializar o problema, se faz necessário enfrentar a situação pela raiz, tendo consciência de que devido ao acelerado processo de envelhecimento populacional, algumas situações tendem a piorar. Pode-se imaginar o grau de cumplicidade entre vítima e agressor numa relação de dependência econômica. Se essa relação já demostra ruídos, certamente problemas virão oriundos desse lar, já carente e empobrecido espiritualmente”, afirma.

Para o especialista, é preciso que haja um compromisso mais efetivo do Poder Público com políticas sociais no que tange aos idosos. Além disso, ele destaca que é preciso educar novas gerações para que se tornem ferramenta neste processo. “A luta é grande, mas depende de cada um de nós. As violações existem e têm diversas faces que devem ser enfrentadas de maneira consciente, educativa e na aplicação das punições na forma da lei”, diz.

Como denunciar

Para denunciar qualquer tipo de violência contra os idosos basta ligar para o Dique 100 ou o 197 da Polícia Civil. Denúncias à DEAI Goiânia pode ser feita pelos telefones (62) 3201-1501 ou (62) 98412-9767. À disposição da população, a delegacia conta com dois delegados, cinco agentes e três escrivães para atuar nos casos.