“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil”, disse o presidente em um trecho do discurso

Bolsonaro discursa para manifestantes reunidos em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília

Conforme mostrado pelo Jornal Opção na tarde do último domingo, 19, o presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro de manifestantes que se reuniram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. No encontro, muitos pediam pela intervenção militar no País e conspiravam contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional — o que fere a Constituição.

A reportagem conversou com o deputado federal José Nelto (Podemos) que condenou a postura de Bolsonaro e disse que todos os manifestantes que ali estavam foram “instigados” por ele. “Nunca vi um presidente que diz ser democrático aparecer na frente dos quarteis e incitar um golpe. Nunca vi em tempos ‘normais’ isso acontecer, quem dirá durante uma pandemia como a que enfrentamos”, ponderou o líder do Podemos na Câmara dos Deputados.

José Nelto | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Na interpretação do parlamentar, o presidente não está preocupado com a disseminação do coronavírus no Brasil. “Ele só quer saber de briga. É um péssimo exemplo para a sociedade. A formação dele é de ditador. Ele quer transformar o Brasil numa Venezuela”, pontou, por fim.

Já o deputado Zacharias Calil (DEM) disse acreditar que um presidente, quem quer que seja ele, não pode afrontar os Poderes. “Vivemos em um país democrático e isso precisa ser respeitado”. No entanto, o parlamentar lembrou que, apesar de muitos se apoiarem nas Forças Armadas vislumbrando um possível golpe, o papel dos militares vai na direção contrária: “o trabalho desses homens é institucional, ou seja, eles devem , na verdade, resguardar nossa Constituição e protege-la de qualquer ameaça democrática”.

Para Zacharias Calil, é importante garantir o direito já conquistado pelas pessoas com necessidades especiais. / Foto: Renan Accioly

Quanto a quantidade de pessoas reunidas no ato, o parlamentar preferiu comentar “como médico e não como político”. “Como alguém que segue as normas técnicas do que aprendi, condeno essa atitude. Os países que não respeitaram as recomendações de distanciamento social, de higiene e proteção se deram mal”, pontuou.

No Twitter, o líder do governo Bolsonaro na Câmara, Vitor Hugo, escreveu: “O presidente enfrenta resistência porquê não é um deles, nunca foi e nunca será. Esses que o criticam sempre falam de maneira elegante, dizem retribuir pedra com flores, mas não querem o bem do País. O povo não os perdoará”.

Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

A menção foi direcionada especialmente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, na semana passada, preferiu não rebater as declarações do presidente da República em entrevista à CNN Brasil. Ao contrário, Maia disse que enquanto o presidente atira pedras, o Parlamento joga flores.

No entanto, Maia também recorreu ao Twitter para comentar o ato de ontem. Para ele, apenas o Estado Democrático de Direito dá ao Brasil um ordenamento capaz de fazer o País avançar com transparência e justiça social.

Discurso 

A chegada ao QG Militar e participação do presidente foram transmitidas ao vivo em uma de suas redes sociais. Após acenar para alguns manifestantes Bolsonaro subiu na caçamba de uma camionete de onde discursou para a multidão.

“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. Mais que um direito vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com o seu presidente, para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade”, disparou Bolsonaro que terminou ovacionado pelos que estavam no encontro.