Deputados goianos comentam fala de Bolsonaro em ato de apoio a intervenção militar
20 abril 2020 às 10h55
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“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil”, disse o presidente em um trecho do discurso
Conforme mostrado pelo Jornal Opção na tarde do último domingo, 19, o presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro de manifestantes que se reuniram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. No encontro, muitos pediam pela intervenção militar no País e conspiravam contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional — o que fere a Constituição.
A reportagem conversou com o deputado federal José Nelto (Podemos) que condenou a postura de Bolsonaro e disse que todos os manifestantes que ali estavam foram “instigados” por ele. “Nunca vi um presidente que diz ser democrático aparecer na frente dos quarteis e incitar um golpe. Nunca vi em tempos ‘normais’ isso acontecer, quem dirá durante uma pandemia como a que enfrentamos”, ponderou o líder do Podemos na Câmara dos Deputados.
Na interpretação do parlamentar, o presidente não está preocupado com a disseminação do coronavírus no Brasil. “Ele só quer saber de briga. É um péssimo exemplo para a sociedade. A formação dele é de ditador. Ele quer transformar o Brasil numa Venezuela”, pontou, por fim.
Já o deputado Zacharias Calil (DEM) disse acreditar que um presidente, quem quer que seja ele, não pode afrontar os Poderes. “Vivemos em um país democrático e isso precisa ser respeitado”. No entanto, o parlamentar lembrou que, apesar de muitos se apoiarem nas Forças Armadas vislumbrando um possível golpe, o papel dos militares vai na direção contrária: “o trabalho desses homens é institucional, ou seja, eles devem , na verdade, resguardar nossa Constituição e protege-la de qualquer ameaça democrática”.
Quanto a quantidade de pessoas reunidas no ato, o parlamentar preferiu comentar “como médico e não como político”. “Como alguém que segue as normas técnicas do que aprendi, condeno essa atitude. Os países que não respeitaram as recomendações de distanciamento social, de higiene e proteção se deram mal”, pontuou.
No Twitter, o líder do governo Bolsonaro na Câmara, Vitor Hugo, escreveu: “O presidente enfrenta resistência porquê não é um deles, nunca foi e nunca será. Esses que o criticam sempre falam de maneira elegante, dizem retribuir pedra com flores, mas não querem o bem do País. O povo não os perdoará”.
A menção foi direcionada especialmente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, na semana passada, preferiu não rebater as declarações do presidente da República em entrevista à CNN Brasil. Ao contrário, Maia disse que enquanto o presidente atira pedras, o Parlamento joga flores.
No entanto, Maia também recorreu ao Twitter para comentar o ato de ontem. Para ele, apenas o Estado Democrático de Direito dá ao Brasil um ordenamento capaz de fazer o País avançar com transparência e justiça social.
Discurso
A chegada ao QG Militar e participação do presidente foram transmitidas ao vivo em uma de suas redes sociais. Após acenar para alguns manifestantes Bolsonaro subiu na caçamba de uma camionete de onde discursou para a multidão.
“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. Mais que um direito vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com o seu presidente, para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade”, disparou Bolsonaro que terminou ovacionado pelos que estavam no encontro.