Deputados da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) se organizam para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a atuação e exigir explicações da Equatorial Energia sobre o serviço prestado no estado.

O deputado Gugu Nader (Agir), que se movimenta na Casa para a instalação da Comissão, garantiu já possuir o mínimo de 14 assinaturas para ser protocolada. Segundo o parlamentar, o objetivo da CPI não é investigar atos de corrupção, mas discutir melhorias no serviço de eletricidade em Goiás e cobrar soluções da Equatorial.

“Já conversei com vários deputados, acho que tenho até mais de 14 assinaturas já e nós vamos fazer aqui a CPI da Equatorial para ter um relatório em que eles vão mostrar onde deve ser consertado. Dizer que é a questão do calor, que as distribuidoras de energia estão antigas, não resolve”, comentou.

O Jornal Opção entrou em contato com a Equatorial Energia Goiás, que afirmou estar “aberta para prestar todos os esclarecimentos necessários e apresentar o conjunto de obras e investimentos que vem sendo desenvolvidos ao longo desses nove meses”. [Confira a nota na íntegra ao final do texto]

Embora Nader reconheça que existem maneiras menos impactantes do que uma CPI para tratar o tema, o deputado pontuou que as explicações já foram dadas, e agora é o momento da solução.

“As explicações que eles vão trazer nós já temos. Vou buscar agora é a solução. A população não quer explicação, na sua casa, no seu comércio, quer saber de resolver. A CPI resolve sim, porque no momento em que faz o relatório a empresa tem que assinar o compromisso de resolver as questões diante do processo de concessão que tem com o Estado”, afirmou.

Em paralelo à possibilidade de criação da CPI, o deputado Veter Martins (Patriota) também é autor de outra propositura que planeja convidar os representantes da Equatorial para explicações das quedas de energia na Alego.

Caiado cobra providências

As quedas de energia verificadas nos últimos dias em Goiás foram tema de reunião entre o governador Ronaldo Caiado e o presidente da Equatorial no estado, Lener Jayme. Encontro foi nesta quinta-feira, 28, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia.

“Precisamos de respostas e soluções reais. Não esperamos uma vara de condão para resolver magicamente todos os problemas, mas queremos investimentos, planejamento diante de mudanças climáticas, transparência e melhor comunicação com os goianos”, cobrou Caiado.

Lener justificou a onda de calor como um dos principais problemas, que sobrecarregou sistemas de distribuição do Brasil inteiro. Segundo ele, a direção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou, por exemplo, na tarde de ontem a interrupção da energia em subestações da região sudeste de Goiás para reduzir o impacto de sobrecargas.

Na quarta-feira, 27, em entrevista coletiva, Lener Jayme afirmou que a empresa não está preparada para o tempo chuvoso. Segundo ele, não é possível em 9 meses reparar 20 anos de falta de investimentos no setor.

“Nós não conseguimos preparar a rede para o período chuvoso, pois foram mais de 20 anos sem investimentos na rede energética aqui em Goiás, o que impossível de se resolver em apenas 9 meses. O que eu posso garantir é que a qualidade dos serviços vai ser melhor do que a do ano passado e que 2024 vai ser melhor que 2023, mas dizer que a rede está preparada, isso não é possível afirmar”, disse o presidente.

Sobre o tempo chuvoso, Caiado aproveitou para ressaltar a necessidade de preparação: “São questões sazonais que exigem ações preventivas. O sistema deve ser reforçado para evitar danos maiores”

O governador Ronaldo Caiado informou, durante a reunião, que o Procon Goiás será firme no monitoramento da prestação do serviço. Foram registradas, entre 1º de agosto e 28 de setembro deste ano, 257 denúncias de consumidores contra a empresa. O principal problema apontado é justamente a interrupção no fornecimento de energia.

Segundo o superintendente do órgão, Levy Rafael, a empresa será notificada ainda nesta quinta-feira, 28, e terá o prazo de 48 horas para prestar esclarecimentos sobre os motivos da instabilidade e quais medidas efetivas foram e/ou serão tomadas para sanar os problemas, entre outras solicitações, como a apresentação de documentos.

Chegada da Equatorial

A empresa assumiu a concessão da distribuição de energia elétrica em Goiás em dezembro de 2022, após venda da Enel. Em nove meses de trabalho, segundo o presidente, foram investidos mais de R$ 1,3 bilhão. “O cenário mostra que, apesar dos esforços, ainda é necessário avançar para responder ao que a população espera. Não podemos viver mais sob essa angústia que já vivemos durante anos com a empresa anterior”, complementou o governador.

Em um ranking com 29 concessionárias de grande porte no Brasil, a Equatorial Goiás se destaca como a 3° pior do país. Ela só perde para ela mesma, ficando atrás da Equatorial Maranhão, que ocupou a 2° posição, seguida pela Equatorial do Rio Grande do Sul, que levou a coroação de pior distribuição de energia elétrica do Brasil. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A concessionária também atua em outros quatro estados: Piauí, Pará, Alagoas e Amapá. Além de suas distribuidoras aparecerem no ranking da Aneel como piores do país, a empresa já foi denunciada pelo Ministério Público Federal por crime ambiental e está entre as companhias com maior lucro do país.

Nota da Equatorial na íntegra

“A Equatorial Goiás, primando pelo seu valor Transparência, esteve em reunião com o Governador do Estado na manhã de hoje (28), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, para esclarecer e levar informações sobre os desafios existentes na concessão. Na oportunidade reiterou os pontos abordados durante a Coletiva de Imprensa concedida ontem (27), na sede da distribuidora.

Além das adversidades enfrentadas pela falta de cuidados nos últimos 20 anos na rede elétrica, nos deparamos com a onda de calor, com condições climáticas adversas e temperaturas em recordes sucessivos. Estes fatores têm configurado como principais motivos da sobrecarga no sistema de distribuição no Brasil inteiro. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou aumento de quase 7% na demanda de carga em todo o país em função do calor e, somente em Goiás, vimos este dado crescer 16% em algumas regiões do estado.

Mesmo com este cenário, a Equatorial entende o posicionamento do Procon e está aberta para prestar todos os esclarecimentos necessários e apresentar o conjunto de obras e investimentos que vem sendo desenvolvidos ao longo desses nove meses, para melhoria na qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica.

Embora a Equatorial Goiás passe por esses desafios divulgados publicamente, de forma transparente, a empresa entende que ainda há muito por fazer e que, a energia ofertada não reflete às necessidades dos clientes. Por isso, mantém seu trabalho e investimentos, dia e noite, para fazer a entrega com a máxima excelência que o consumidor anseia, com a melhora sendo percebida gradativamente junto ao povo goiano.”

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