Depressão entre crianças aumenta e preocupa pais. Saiba como evitar quadro
14 julho 2018 às 15h55

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Especialista conta que pressão sobre menores pode estar por trás do aumento no número de adoecimentos mentais

Um artigo divulgado pelo Centro de Educação Integrada de Natal, Rio Grande do Norte, de autoria do psiquiatra Luís Rajos Marcos aponta que aumentou em 43% o número de crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Também houve crescimento de 35% na taxa de depressão e 200% na taxa de suicídio entre pequenos de 10 a 14 anos. O estudo diz que uma em cada cinco crianças possuem algum tipo de problema mental.
O texto indica que as causas do aumento dessas condições passam pela “privação de conceitos básicos de uma infância saudável, pais digitalmente distraídos e permissivos demais, sono inadequado, nutrição desequilibrada, sedentarismo e gratificações instantâneas”.
Outra pesquisa, feita em 2017 pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, atesta os números supracitados. O instituto acessou dados de mais de 100 mil adolescentes de 12 a 17 anos e o resultado mostrou que a taxa de jovens que reportaram ter sofrido algum episódio de depressão subiu 37% se comparado a 2016.
Apesar dos números alarmantes, a médica psiquiatra da infância, Dra. Andiara de Saloma afirma observar os dados com ponderação. “Na verdade, esse aumento pode não refletir o aumento da incidência propriamente, mas sim o crescimento do reconhecimento dos diagnósticos na infância. A prevalência de transtornos mentais nessas idades acompanha as taxas nas outras fases da vida”, explica.
Andiara reforçou sua posição porque o TDAH, por exemplo, “não depende da criação, já que é uma condição que nasce com a criança”. Então, diz ela, o que cresce é o aumento de conscientização pela procura no diagnóstico e não a doença.
Já em relação à depressão e ansiedade, a psiquiatra acolhe os resultados. “O nível de exigência em cima das crianças tem sido maior. Elas entram mais cedo nas escolas e tem de se adaptar mais rápido a uma situação de mais responsabilidade, mais exigências”, diz, concordando que todo este cenário causa frustração nas crianças, o que contribuiu para as condições de doenças mentais.
Para tentar reverter o cenário preocupante, o artigo de Luís Rajos citado no início da reportagem enumera “atividades e atitudes para que uma criança tenha a infância saudável”. Pais emocionalmente disponíveis, limites claramente definidos, nutrição equilibrada, sono adequado e movimentação em geral, principalmente ao ar livre, seriam algumas das chaves para evitar o adoecimento mental.
É o que tenta fazer o casal de jornalistas Kamylla Rodrigues e Pedro Nunes, ao criar o filho Miguel Rodrigues Nunes, de 1 ano e noves meses. Apesar de não ter sido planejada a gravidez, Kamylla conta que sempre desejou ser mãe, e mesmo filho sendo ainda muito pequeno, ela já o educa pensando em como ele irá crescer. Para ela, ter paciência, conversar olho no olho e encorajar o pequeno Miguel a se desculpar e agir com afeto, quando necessário, é uma das principais formas que o fará se tornar um adolescente e, depois, um adulto mentalmente saudável.

“É muito difícil, mas paciência é o principal. Sei que é melhor passar por esses aprendizados agora, enquanto eu formo meu filho como pessoa, do que a criança crescer e se tornar um adolescente ou adulto irresponsável, que desrespeite os pais ou, no pior dos casos, doente”, afirma a jornalista, que também assegura passar o máximo de tempo possível com o filho.
A psiquiatra Andiara, que concorda com as orientações de soluções descritas no artigo que enumerou o crescimento de crianças mentalmente doentes, também consente com a forma de criação realizada por Kamylla e Pedro. “São coisas simples que realmente devem ser seguidas para que a criança tenha uma mente sã e seja emocionalmente saudável”, conclui.