A Foods and Drugs Admnistration (FDA), responsável pela vigilância sanitária e saúde dos EUA, alertou que lotes de camarão vendidos pela rede de supermercados Walmart podem estar contaminados com Césio-137, material químico radioativo que pode ser tóxico à saúde humana. O alerta foi feito na última terça-feira, 19.

Segundo a FDA, os lotes contaminados não foram para as prateleiras. O órgão fez o alerta como forma de prevenir qualquer eventual consumo de alimentos tóxicos.

“Bahari Makmur Sejati (empresa que embala os camarões) viola a Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos, pois parece ter sido preparado, embalado ou mantido em condições insalubres, podendo ter sido contaminado com Cs-137 e representar um problema de segurança”, diz o documento.

O Césio-137 é feito pelo homem través de reações nucleares e é amplamente difundido em todo o mundo, traços de Cs-137 podem ser encontrados no meio ambiente, incluindo solo, alimentos e ar.

A exposição ao químico pode causar câncer, resultante de danos ao DNA das células vivas do corpo. Quem tiver contato com o Cs-137 também pode apresentar síndrome de radiação aguda, que inclui náuseas, vômitos, diarreia, sangramento, coma e até mesmo morte em casos de exposições muito altas.

O acidente com o Césio-137 em Goiânia

Era setembro de 1987, e Goiânia se via imersa em um cenário de perigo silencioso. Enquanto a cidade se preparava para receber o Campeonato Mundial de Motovelocidade, um acidente devastador estava prestes a acontecer. Tudo começou quando dois catadores de recicláveis, Roberto Santos e Wagner Mota Pereira, encontraram uma peça intrigante em um prédio abandonado. Sem saber da terrível ameaça que carregava, levaram-na para um ferro-velho, onde o proprietário, Devair Alves Ferreira, também se encantou com o brilho misterioso emitido pela peça.

Os dias passaram e aqueles que tiveram contato com o objeto começaram a adoecer. Vômitos, febre, diarreia e perda de cabelo assolavam suas vidas, enquanto a causa permanecia um enigma. Foi então que um físico renomado, Walter Mendes Ferreira, foi alertado sobre os sintomas alarmantes. Desconfiando do impensável, ele decidiu investigar a presença de radioatividade. Com um detector em mãos, a confirmação chocante veio à tona: o césio-137, elemento altamente perigoso, estava presente.

A notícia se espalhou rapidamente, alcançando as autoridades competentes, inclusive a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Uma operação de emergência foi montada, envolvendo mais de 700 profissionais da saúde e especialistas em radiação. A área contaminada foi isolada e os contaminados foram removidos para receber tratamento médico adequado.

Assistência às vítimas e medidas de descontaminação

Para descontaminar as pessoas afetadas, foram adotados métodos como banhos mornos com sabão neutro, aplicação de ácido acético para tornar a substância radioativa solúvel, uso de dióxido de titânio e lanolina nas áreas mais contaminadas, além de métodos abrasivos para a pele. Luvas e botas plásticas com resinas de trocas iônicas foram utilizadas.

Os pacientes foram isolados no Hospital Geral de Goiânia, com áreas específicas para proteção radiológica, quartos e monitorização para detecção de contaminação residual. Medidas terapêuticas foram adotadas para eliminar o material radioativo do organismo e minimizar os efeitos, incluindo exercícios físicos, banhos de sol e medicamentos para acelerar a eliminação do césio-137.

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