Uma descoberta surpreendente em Dakota do Norte, nos Estados Unidos, está mudando o que a ciência sabia sobre um dos maiores predadores do final do período Cretáceo. A análise de um dente fossilizado de mosassauro, réptil marinho gigante que dominava os oceanos, indica que esses animais podem ter vivido e caçado também em ambientes de água doce. 

Até então, os mosassauros eram considerados exclusivamente marinhos. Com corpos que podiam chegar a 12 metros de comprimento, crânios maciços e mandíbulas extremamente fortes, eles ocupavam um papel ecológico semelhante ao de predadores modernos como as orcas ou os crocodilos de água salgada. Mas um novo estudo sugere que sua história pode ser mais complexa. 

Dente de mosassauro | Foto: Melanie During

O dente, datado de 66 milhões de anos, foi encontrado na famosa Formação Hell Creek, região conhecida por fósseis do fim da era dos dinossauros. O que chamou a atenção dos pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, foram as assinaturas químicas preservadas no material. 

A análise revelou variações nos elementos oxigênio e estrôncio — marcadores típicos de ambientes de água doce. Isso levou os cientistas a apelidarem o animal de “Rei da Beira-Rio”, sugerindo que ele não apenas transitava por rios, mas também caçava ativamente presas fluviais. 

Os pesquisadores acreditam que, na época, o local onde o dente foi encontrado fazia parte de um sistema de rios conectado ao antigo Mar Interior Ocidental, que dividia a América do Norte. A ausência de sinais de transporte prolongado pela água reforça a ideia de que o mosassauro viveu e morreu naquela região, e não foi levado até lá por correntes. 

Até hoje, nenhum outro dente de mosassauro desse período havia sido identificado em Hell Creek, o que torna a descoberta ainda mais singular. 

Adaptação surpreendente 

O dente pertence a um membro do grupo Prognathodontini, reconhecido por padrões específicos de textura. Essa identificação ajudou os cientistas a comparar o fóssil com outros espécimes e a entender melhor seu comportamento. 

Pesquisas anteriores já indicavam que, ao longo do tempo, a salinidade do Mar Interior Ocidental vinha diminuindo. Isso pode ter favorecido a migração de mosassauros para áreas fluviais, onde encontrariam novas oportunidades de caça. 

Segundo os autores do estudo, essa flexibilidade ecológica sugere que grandes rios da Formação Hell Creek eram capazes de sustentar animais de grande porte. Ainda assim, eles consideram mais provável que indivíduos jovens ou menores fossem os que mais exploravam esses ambientes ribeirinhos. 

Reescrevendo a ecologia do Cretáceo 

A descoberta amplia a compreensão sobre a capacidade de adaptação dos mosassauros. A habilidade de alternar entre o mar aberto e rios de água doce pode ter sido um dos fatores que garantiram seu sucesso como predadores no final do Cretáceo. 

Mais do que revelar um comportamento inesperado, o estudo destaca a plasticidade desses répteis gigantes diante de mudanças ambientais, uma característica que pode ter sido crucial em um período marcado por transformações profundas na paisagem e nos ecossistemas. 

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