Do Verdão abatido, que foi goleado por 6 a 1 pelo Flamengo na volta da Copa América e amargou sete derrotas e três empates, time esmeraldino começou o segundo turno sem levar gols e com três vitórias seguidas

Alan Ruschel, que chegou com a desconfiança de diretores do clube, fez gol da terceira vitória seguida do Goiás no segundo turno do Campeonato Brasileiro | Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Cilas Gontijo

O Goiás começou o segundo turno do Brasileirão a todo vapor. A campanha nas últimas rodadas fez o torcedor lembrar do início do primeiro turno, quando o Verdão chegou – até a parada para a Copa América – em 6º lugar. O aproveitamento bateu a casa dos 62% em oito jogos. Foram cinco vitórias e três derrotas, desempenho que encheu os olhos dos torcedores. Alguns até chegaram a sonhar com uma possível vaga na Copa Libertadores de 2020.

Aí veio a Copa América, quando o Campeonato Brasileiro parou por um mês. Teoricamente os times teriam 30 dias para se preparar, cuidar do desgaste físico, tratar lesões de jogadores e melhorar o desempenho dentro de campo.

O time do Goiás até que fez isso direitinho. Foram dias de muitos treinos, até mesmo no horário das 11 da manhã, com o sol escaldante. Tudo isso para enfrentar o Flamengo no mesmo horário. Foi o primeiro jogo do Verdão pós-Copa América. Infelizmente, vimos que nada disso deu certo. O Verdão perdeu de 6 a 1 fora no Maracanã. Começou ali a queda do Periquito na tabela rumo à Série B. Era algo que parecia inevitável.

Até a última rodada do primeiro turno, o Goiás teve um péssimo aproveitamento. Foram 11 jogos. O time esmeraldino conquistou apenas uma vitória. Nos outros jogos vieram três empates e sete derrotas. O aproveitamento ficou em 18%. A equipe entrou em uma descida, que parecia sem condição de recuperação, para a segunda divisão em 2020.

Que o time do Goiás é limitadíssimo tecnicamente todos nós sabemos. Pode em uma equipe faltar técnica, habilidade, mas nunca a raça, a gana, a força de vontade e brio na cara. Quando não dá na técnica, essas outras qualidades precisam aparecer. Só que nem isso o time apresentava à sua torcida.

Esperança Ney Franco
Com a chegada do técnico Ney Franco para comandar a equipe esmeraldina mais uma vez em sua carreira, todos renovaram as esperanças. Porém demorou um pouco para que o time – repito, é limitado – voltasse a jogar com muita vontade e espírito de vencedor.

Já no início do segundo turno, o Periquito Atômico, como é chamado por muitos, voltou com as forças renovadas e suas asas clamando por voos altos. E isso a torcida pôde ver no jogo contra Fluminense no Estádio Serra Dourada, quando ganhou por 3 a 0. Em seguida, o Verdão foi ao Morumbi e ganhando do todo poderoso São Paulo por 1 a 0. E, por fim, veio na segunda-feira, 30 de setembro, o confronto com o Cruzeiro, que não vive boa fase no Brasileirão. A Raposa está na zona de rebaixamento. Com jogo em casa e o apoio de mais de 20 mil torcedores, o Goiás venceu mais uma vez por 1 a 0.

Nesses três últimos jogos, o time esmeraldino mostrou que pode dar mais do que mostrou nas partidas anteriores. Ney Franco, que sabe como recuperar jogadores, tem conseguido, assim como da primeira vez que treinou a equipe, fazer alguns atletas renderem mais. Desta vez o feito foi com o veterano zagueiro Rafael Vaz, que estava desacreditado, a ponto de deixar a equipe.

Com a recuperação de Rafael Vaz, o Goiás melhorou na defesa, que é, até aqui, a melhor do segundo turno. O Verdão não sofreu nenhum gol nas três partidas que disputou a partir da 20ª rodada e consolidou uma zaga forte.

Na vitória sobre o Cruzeiro, o time do Goiás conseguiu quebrar um tabu de dez anos sem vencer a Raposa. Nos jogos anteriores contra o clube mineiro, a equipe esmeraldina amargou dez derrotas seguidas no confronto. Ney Franco teve duas ajudas divinas.

Ajuda divina
Primeiro porque o titular da lateral esquerda, Jefferson, estava lesionado. Depois, o limitado substituto, Marcelo Hermes, que veio para o Goiás por empréstimo, por força de contrato não poderia enfrentar o clube celeste. Veio aí a primeira ajuda de Deus.

Na segunda mãozinha divina surgiu a peça que restou ao treinador para utilizar no jogo. Um atleta que sabe bem o que significa uma ajudinha do todo poderoso. Ele é um milagre vivo e uma prova de que quando Deus quer abençoar alguém, não adianta o homem querer impedir. Estou falando de Alan Ruschel, jogador que veio da Chapecoense, um dos sobreviventes da queda do avião com a delegação da equipe de Chapecó em 2016.

Jogador que veio para o Verdão por indicação do próprio treinador, mas com muita desconfiança da maioria dos dirigentes. O atleta mostrou que não erraram quando o trouxeram. No seu primeiro jogo com a camisa do alviverde fez um golaço e garantiu ao Verdão sua terceira vitória consecutiva no Brasileiro.

A empolgação faz parte da nossa vida. Sem empolgação a vida fica sem graça, não faz sentido. Em tudo que formos fazer, precisamos estar motivados. Mas se empolgar não significa tirar os pés do chão.

Digo isso porque estão todos empolgados lá para as bandas da Serrinha. E devem mesmo estar. A torcida está confiante. Afinal, o time derrotou três grandes clubes da elite do futebol brasileiro.

Pé no chão
É evidente a evolução demonstrada pelo time em campo. O trabalho de Ney Franco, assim como da primeira vez, começa a render frutos. Já se fala até em uma possível vaga na Copa Sul-Americana em 2020. Quem sabe! Porém, com os dois pés fincados no chão, a permanência na Série A já seria uma baita de uma conquista.