Em uma ação inédita, batizada de “Lago Luiz Alves Pede Socorro”, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) investigam irregularidades que ameaçam um dos maiores patrimônios hídricos do Cerrado. “Não posso dizer que vi o lago morrer, mas vi o caixão”, disse o delegado titular da DEMA Luziano de Carvalho

Durante a operação, o delegado fez um desabafo que extrapola o papel institucional e se transformou em um verdadeiro apelo em defesa do Rio Araguaia e seus ecossistemas.

Marcelo Sales, superintendente de fiscalização e controle da Semad, detalhou ao Jornal Opção as principais infrações encontradas: desmatamento, intervenção em áreas de preservação permanente (APP), captação irregular de água e assoreamento do lago. “Neste primeiro momento, identificamos também um dreno em área suspeita de ser APP de murundu. A confirmação dessa situação resultará em autuação”, explicou Sales, ressaltando a complexidade de identificar essas formações durante períodos de seca.

Para Luziano, que há mais de 20 anos protege as nascentes do Araguaia, o cenário é dramático. “Não posso dizer que vi o lago morrer, mas vi o caixão”, afirmou, referindo-se à degradação acelerada causada por desmatamento, drenagem de áreas úmidas, extração ilegal de areia e captação irregular de água. O delegado alertou ainda para o impacto dessas práticas em veredas, murundus e lagoas naturais, essenciais para a regulação hídrica e a biodiversidade da região. “Esses murundus são a razão do Araguaia existir”, disse.

Luziano questiona também a validade de licenças para irrigação e critica loteamentos em áreas de preservação. Segundo ele, o caminho é valorizar o turismo de contemplação e a pesca esportiva com soltura, respeitando os limites ecológicos e a cultura local. “O Cerrado pede socorro. Temos que mantê-lo em pé. É o coração pulsante do Brasil”, concluiu o delegado, reforçando que a operação busca não apenas responsabilizar criminosos ambientais, mas também preservar o futuro do Araguaia.

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